Ácido fólico: efeitos paradoxais na promoção da hepatocarcinogênese em ratos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Bassoli, Bruna Kempfer
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
DNA
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9132/tde-27012010-133932/
Resumo: A suplementação com ácido fólico (AF) apresenta efeitos quimiopreventivos, porém, pode aumentar o risco de desenvolvimento e acelerar a progressão do câncer se ocorrer em doses elevadas ou após a ocorrência de lesões pré-neoplásicas (LPN). O AF é essencial na síntese de novo de purinas e timidalato e consequentemente na síntese, replicação e reparo do DNA, proliferação celular e apoptose. Assim, a deficiência pode implicar em danos ao DNA e erros na sua replicação e reparo, processos importantes na carcinogênese, onde as células apresentam taxas de replicação e divisão aceleradas, e é possível que a suplementação module estes processos. Além disso, como AF ocupa uma posição de destaque no metabolismo dos grupamentos metila pode exercer efeitos sobre a hipometilação global do DNA e o aumento da expressão de proto-oncogenes como o c-myc, fenômenos característicos da hepatocarcinogênese. Assim, objetivando-se avaliar os efeitos do AF na promoção da hepatocarcinogênese em ratos Wistar, desenvolveu-se o modelo do \"Hepatócito Resistente\" e administrou-se por entubação gástrica diariamente, durante 5 semanas, o AF (0,16; 0,32; ou 0,64 mg / 100 g de peso / dia) ou água (0,25 mL / 100 g de peso / dia). Então, avaliou-se as LPN hepáticas presentes visíveis à macroscopia e microscopia (GST-P), a proliferação celular (BrdU) e a apoptose (microscopia de fluorescência) no tecido hepático ao redor das LPN e nas LPN persistentes e em remodelação, a intensidade de danos ao DNA (\"Cometa\" alcalino), e o padrão de metilação global (Dot Blot) e a expressão do c-myc (RT-PCR) especificamente em LPN microdissecadas. Apesar de não ter alterado a incidência e multiplicidade das LPN, o tratamento com AF 0,32 mg / 100 g promoveu um aumento na porcentagem de lesões &#8805; 1 mm e o com AF 0,64 mg / 100 g a diminuição na porcentagem dessa lesões com relação ao grupo água (p<0,05). De modo semelhante, observou-se na análise das LPN GST-P positivas que o AF 0,32 mg / 100 g promoveu aumento e o AF 0,64 mg / 100 g inibiu o processo carcinogênico, embora não se tenha observado diferenças significantes no número, área e porcentagem da área do corte ocupada pelas LPN. Apesar de não ter modulado significativamente o desenvolvimento das LPN, o AF nas doses de 0,32 e 0,64 mg / 100 g inibiu a proliferação celular nas LPN persistentes (p<0,05). A contagem dos corpúsculos apoptóticos permitiu constatar uma possível inibição da apoptose nas LPN persistentes e em remodelação com caráter dose-dependente (p>0,05). De acordo com a análise do comprimento dos cometas, houve um aumento dos danos ao DNA no modelo de hepatocarcinogênese e ausência de efeito do AF nesse processo (p>0,05). O padrão de metilação global do DNA e a expressão do c-myc nas LPN microdissecadas não foram significativamente alterados pelo tratamento com diferentes doses de AF, embora, em geral, se tenha observado uma tendência dos tratamentos com AF promoverem hipometilação e aumento da expressão de c-myc. Os resultados obtidos, em conjunto, auxiliaram na caracterização das ações paradoxais (inibitórias e promotoras) que o AF apresenta na etapa de promoção da carcinogênese, de forma que a dose e o estágio do desenvolvimento neoplásico em que se inicia a suplementação demonstraram ser críticos e, por isso, indicam necessidade de cautela acerca da fortificação com o AF, uma das maiores intervenções de saúde pública que expôs a população a elevadas concentrações de AF sintético.