Caracterização imunoistoquímica das diferenciações neuroendócrina e escamosa em carcinomas espinocelulares da região de cabeça e pescoço

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Colturato, Carla Bento Nelem
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
EBV
HPV
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17143/tde-10052021-131638/
Resumo: O carcinoma espinocelular (CEC) é a neoplasia maligna mais comum (>90%) na região de cabeça e pescoço (CECCP). Apesar dos avanços científicos nos seus mecanismos moleculares e protocolos terapêuticos, a taxa de sobrevida global em 5 anos permanece em <50%. Além dos fatores prognósticos clássicos, existem variantes histopatológicas do CECCP mostrando diferenças no seu comportamento biológico e prognóstico. Notavelmente, alguns estudos mostram que o CECCP pode mostrar diferenciação neuroendócrina (dNE); no entanto, o significado deste achado e seu impacto prognóstico devem ser detalhadamente descritos em uma ampla série de casos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2017), o carcinoma neuroendócrino (CNE) pobremente diferenciado da região de cabeça e pescoço é uma neoplasia altamente agressiva, a qual pode mostrar associação com o papilomavírus humano (HPV) ou vírus Epstein-Barr (EBV). Sendo assim, o CNE deve ser diferenciado do CECdNE, visando critérios diagnósticos, terapêuticos e prognósticos. Assim, no presente estudo foram avaliados 386 CECCPs, através da técnica de microarranjo de tecido (TMA), por meio da análise imunoistoquímica (IQ), usando os anticorpos cromogranina-A, sinaptofisina, CD56, CD57, CD99, Fli-1, p16INK4a, p40, CD10, vimentina, ciclina D1 e Ki-67; e por hibridização in situ (HIS) visando à detecção do HPV de alto risco (HPV-AR) e EBV (EBER1/2). Nossos resultados mostraram predomínio de homens (70%), leucodermas (74%), fumantes (83%) e etilistas (76%). A média de idade foi 59,4 ±11,64 anos, sem diferenças no gênero. Os locais mais afetados foram orofaringe (n=125), laringe (n=121) e cavidade oral (n=103), seguido por seios paranasais (n=15), nasofaringe (n=12) e outros (n=10). dNE (cromogranina-A e/ou sinaptofisina positivo) foi detectada em 27/386 (7%) casos (laringe, n=12; orofaringe, n=8; cavidade oral, n=4; seios paranasais, n=2; outros, n=1). Considerando agentes virais, 54 casos (orofaringe, n=23; laringe, n=21; cavidade oral, n=8; nasofaringe, n=1; outros, n=1) para HPV-AR e 3 casos (todos de nasofaringe) mostraram positividade EBER1/2, respectivamente. p16INK4a foi uniformemente positivo nos casos HPV-AR positivos. Sete casos apresentaram simultaneamente dNE/HPV-AR (orofaringe, n=4; laringe, n=2; boca, n=1). Todos os casos CD99 positivos foram Fli-1 negativos. CD10 e vimentina mostraram variável expressão nos casos com (53,9% e 12,5%) ou sem (31,8% e 9,6%) dNE, ou com (33,9% e 5,6%) ou sem (32,8% e 10,2%) associação com HPV-AR, respectivamente. Similarmente, Ki-67 e ciclina D1 mostraram variável expressão nos casos com (39,1% e 9,6%) ou sem (38,6% e 5,9%) dNE, ou com (42,1% e 7,2%) ou sem (38,8% e 5%) associação com HPV-AR, respectivamente. A sobrevida livre de doença (SLD) em 2 anos e sobrevida global (SG) em 5 anos, foram estatisticamente significantes para estadiamento III/IV em cavidade oral (ambos, p=0,02) e laringe (ambos, p=0,03); para tratamento cirúrgico em cavidade oral (ambos, p=0,03), orofaringe (ambos, p<0,01) e laringe (ambos, p<0,01); para radioterapia (ambos, p<0,01) e quimioterapia (ambos, p=0,02) em laringe. Não houve diferenças estatisticamente significantes na SLD e SG considerando dNE ou associação com HPV-AR em orofaringe, laringe e cavidade oral. Na regressão de Cox, somente em orofaringe houve diferença estatisticamente significante, observando-se que a positividade para cromogranina-A, CD56, e ausência do HPV-AR, se associava com maior risco de mortalidade (11, 6 e 3 vezes, respectivamente). Nossos resultados mostram que dNE pode ser detectada no CECCP, alguns deles associados com HPV-AR, expandindo o seu espectro clinicopatológico. No entanto, estes achados parecem não influenciar a SLD e SG em nossa população de estudo. Futuros estudos no contexto deste trabalho focando interações moleculares entre dNE e HPV-AR no CECCP, bem como análises comparativas com CNEs, são recomendados.