Efeitos da disbiose entérica gestacional e neonatal durante o neurodesenvolvimento sobre o comportamento e a expressão gênica da prole

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Camina, Lucas Hassib
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-05022024-160439/
Resumo: As alterações na microbiota intestinal, conhecidas como disbiose, aparentam ter uma influência significativa no neurodesenvolvimento do hospedeiro, podendo contribuir para a neurobiologia de diversos transtornos psiquiátricos. A interação entre o microbioma do hospedeiro e seu Sistema Nervoso Central (SNC) é bidirecional, ocorrendo através do eixo Cérebro-Intestino-Microbiota (CIM), no qual o estresse desempenha um papel fundamental como fator modulador, sobretudo no perfil dos microrganismos. Embora os mecanismos de interação do eixo CIM tenham sido objeto de diferentes estudos notáveis, ainda é necessário esclarecer a janela temporal em que a disbiose pode causar maiores prejuízos no neurodesenvolvimento. Com esse objetivo, o presente estudo investigou os impactos da disbiose intestinal durante a gestação ou no período neonatal no comportamento e na expressão gênica da prole nos períodos pré e pós-puberal. Para isso, fêmeas gestantes ou camundongos neonatos a partir de P.04 foram submetidos ao Transplante de Microbiota Fecal (TMF), utilizando fezes provenientes de animais submetidos ao protocolo de Estresse Crônico Variado (ECV). Os filhotes foram então submetidos a testes comportamentais e eutanasiados para a extração de amostras de córtex e hipocampo com 21 ou 55 dias. Aos 21 dias, os filhotes das fêmeas que receberam as fezes provenientes de animais submetidos ao ECV durante a gestação apresentaram um menor número de comportamentos de avaliação de risco no teste de Labirinto em Cruz Elevado (LCE), maior tempo de imobilidade no teste de Suspensão pela Cauda (SC) e realizaram o comportamento de grooming facial em menor número de vezes no teste de Spray de Sacarose (SS) em comparação aos filhotes de fêmeas que receberam fezes de animais controle saudáveis. Com 55 dias, os filhotes que sofreram a disbiose durante a gestação exibiram um maior número de comportamentos de avaliação de risco no LCE, maior latência para começar a comer no teste de Inibição da Alimentação Induzida pela Novidade (IAIN) e para realizar o primeiro grooming facial no SS, no qual também realizaram um menor número de groomings faciais. Aos 21 dias, os filhotes apresentaram reduções significativas na expressão de Sinapsina 1, Olig 1 e Sox 2 no hipocampo, genes relacionados à comunicação sináptica, oligodendrogênese, formação de interneurônios gabaérgicos e manutenção da pluripotência e metabolismo neuronal. Os animais que sofreram o TMF durante o período neonatal apresentaram prejuízos comportamentais em todos os testes realizados (IAIN, LCE, SC e SS), tanto com 21 quanto com 55 dias. Entretanto, nesses grupos não foram observadas as mesmas reduções na expressão de RNAm vistas nos animais que sofreram a disbiose gestacional. Esses resultados sugerem que tanto a disbiose perigestacional quanto a neonatal produzem alterações comportamentais compatíveis com os transtornos comportamentais associados à ansiedade e depressão, que podem estar relacionadas a alterações neuroestruturais ou de neurodesenvolvimento envolvendo a sinaptogênese, oligodendrogênese, metabolismo neural ou diferenciação de interneurônios gabaérgicos. A determinação da composição da microbiota entérica dos diferentes grupos analisados está sendo realizada para identificação dos grupos de microrganismos alterados pelo TMF.