Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Cerruti, Marta Quaglia |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-07022017-103554/
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Resumo: |
Este trabalho objetiva problematizar a leitura prevalente a respeito da situação das periferias na cidade de São Paulo, para ressaltar os impasses vividos pelos jovens negros e pobres que lá habitam. Abordamos a periferia a partir de expressões de positividades próprias à sua dinâmica sócio-cultural, em contraponto a uma leitura que vê as marginalidades sociais como simples figurações do periférico, e que hoje no Brasil orienta a maioria das práticas e das reflexões políticas sobre o território das periferias e seus habitantes. Essa leitura prioriza intervenções de um Estado portador de saberes e práticas (im)postas à disposição de uma população considerada inoperante, inculta e perigosa. Como interlocutor privilegiado para falar dos impasses vividos por esses jovens escolhemos, dentre as expressões da dinâmica sócio-cultural própria da periferia, o rap, mais especificamente o rap que vem sendo produzido pelo grupo Racionais MCs nas últimas décadas A partir da psicanálise nosso argumento é de que as produções da periferia, entre as quais o rap, têm trazido à tona o avesso de um discurso que apresenta uma sociedade que se pretende orgânica e sem fraturas, um discurso imaginário que confina, de forma prevalente, os jovens negros e pobres a categorias de violência e criminalidade. Constatamos que o rap recodifica a estrutura social, permitindo ao jovem morador da periferia a articulação ao laço social via a transmissão, que procura elevar o inaudito das exclusões e violências sofridas a uma condição de inteligibilidade, firmando um compromisso entre a memória de um sujeito e uma memória a ser construída no espaço público. Trata-se de um discurso que vem se mostrando capaz de dar corpo a uma experiência cotidiana de degradação e fragmentação, promovendo a partilha dessas experiências. É, além disso, um discurso que vem confrontando o espaço público ao interrogar a dicotomia civilização/barbárie que se inscreve de forma crescente na configuração da cidade, desconstruindo em suas narrativas um imaginário que propaga a inviabilidade política e social das periferias. Além disso, apoiados nas concepções do chiste e do humor em psicanálise, constatamos que as narrativas do rap apontam para modalidades identificatórias que se constituem a partir de uma fruição conjunta, modalidades adequadas a uma economia de prazer que subverte a posição discursiva a que jovens negros e pobres das periferias vêm sendo condenados: ou a obediência e a docilidade, ou a periculosidade e delinquência |