Efeitos da melatonina no controle da colite experimental, via modulação da microbiota intestinal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Barbosa, Lia Vezenfard
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60140/tde-30092021-162355/
Resumo: As Doenças Inflamatórias Intestinais resultam de resposta imune desregulada, com o envolvimento da microbiota intestinal, susceptibilidade genética e fatores ambientais, promovendo inflamação crônica e ampla destruição tecidual. Estudos recentes descrevem efeitos do hormônio melatonina (MLT) em doenças inflamatórias, controlando as respostas imunes. Além da ação da MLT sobre o ritmo circadiano de humanos, a molécula pode também modular o ciclo de bactérias intestinais e exercer ação imunomoduladora. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar a influência do tratamento com MLT na colite experimental, tanto na fase aguda de indução da inflamação, quanto no período de remissão e reparo tecidual. Além disso, buscamos verificar se a presença da microbiota intestinal modifica a resposta inflamatória frente ao tratamento com o hormônio. Para isso, camundongos machos C57BL/6 foram expostos ao dextran sulfato de sódio (DSS) e tratados com MLT. Em animais avaliados durante a fase aguda, a MLT promoveu aumento do escore clínico, maior número de leucócitos, especificamente, células mononucleares e neutrófilos, no sangue periférico. No cólon, foi observado aumento de fator de necrose tumoral (TNF), em contraste à redução de interleucina 17 (IL-17). Em camundongos avaliados durante a fase de reparo da colite, a MLT levou à maior perda de peso corporal, elevado escore clínico, maior número de células mononucleares e neutrófilos circulantes. Houve maior recrutamento de neutrófilos e macrófagos no cólon, quantificada indiretamente pelos ensaios de mieloperoxidase (MPO) e N-acetilglicosaminidase (NAG), respectivamente. O hormônio promoveu também expressivo aumento de TNF, maior frequência de linfócitos T CD4 ou CD8 de memória efetores e redução da população de células T reguladoras FoxP3+ no baço, além de aumento de linfócitos T CD4 de memória residente nos linfonodos mesentéricos (MLN), na fase de remissão da inflamação. Para averiguar se os efeitos da MLT ocorriam via microbiota intestinal, os camundongos foram submetidos à antibioticoterapia previamente à indução da colite. De fato, os resultados mostraram que os animais tratados com o hormônio, na ausência da microbiota intestinal, apresentaram reversão do fenótipo clínico da doença, em comparação com a fase aguda e remissão da colite. O tratamento com MLT induziu menor perda de peso e escore clínico, além de redução do número de células mononucleares no sangue periférico. No cólon, houve redução de TNF e NAG, enquanto que nos linfonodos mesentéricos, foi observado aumento de células produtoras das citocinas IL-4 e IL-10, em contraste à redução de CD3+CD4+IL-10+ na ausência de antibioticoterapia. As populações de linfócitos de memória não foram mais alteradas em animais com depleção da microbiota. Em ensaios ex vivo, linfócitos do baço e MLN de camundongos sem depleção da microbiota apresentaram maior proliferação celular em relação à frequência proliferativa após a antibioticoterapia. Esses resultados corroboram com os efeitos do hormônio via microbiota intestinal. Em conclusão, nossos resultados mostraram que a MLT agrava a colite experimental, tanto na fase aguda quanto na remissão da inflamação, sendo seus principais efeitos dependentes da microbiota intestinal.