De Basileia para o campo: estimando a estrutura de dependência de default em portfólios de crédito rural por meio de cópulas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rensi, Rafael Tonet
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-16092022-160418/
Resumo: O crédito rural é fundamental ao desenvolvimento da agricultura, sendo um instrumento catalisador do objetivo humanitário de erradicação da fome e da miséria. Em países com vocação para o agronegócio, como o Brasil, o financiamento dos produtores rurais é estratégico e tema de políticas públicas. A melhora na qualidade da concessão de crédito rural, e de seu gerenciamento de riscos, proporciona ganhos sociais e econômicos. Apesar da relevância deste tipo de financiamento, há grande escassez na literatura de modelos de risco de crédito específicos ao segmento rural, incluindo a regulação do Acordo de Basileia. Sob a hipótese de que o risco de um portfólio de crédito rural possa apresentar aumento da dependência entre defaultsindividuais em cenários extremos, provocados por desastres naturais, e que esta é uma característica idiossincrática deste tipo de crédito não captada em modelos de risco de crédito usuais, o objetivo desta pesquisa é identificar qual é a melhor forma de se representar a distribuição de probabilidade de default de um portfólio de crédito rural, considerando: (i) o pressuposto da normalidade adotado por modelos de risco de crédito tradicionais, como o proposto por Basileia, e; (ii) distribuições de probabilidade assimétricas, havendo interesse no comportamento das distribuições com dependência de cauda. A partir de 74.964.734 observações de operações de crédito de um grande player do mercado de crédito rural, foram construídas 60 observações longitudinais de sete linhas de crédito rural. As estruturas de dependência dessas séries foram estimadas por dez diferentes famílias de cópulas. Cópulas são funções estatísticas que generalizam o conceito de dependência, para além das tradicionais medidas-resumo. Para cada par de linha de crédito rural, a melhor representação de sua distribuição de probabilidade de default foi verificada pela cópula com menor erro quadrático médio dos quantis em relação à sua respectiva distribuição empírica. Os resultados indicam que, de forma geral, as distribuições geradas por meio de cópulas assimétricas ajustam-se melhor aos dados reais, em comparação à distribuição Normal bivariada, havendo destaque para a cópula de Clayton. Contraintuitivamente, a performance das cópulas foi melhor quando avaliamos a aderência aos dados considerando todo o domínio da distribuição empírica do que quando observamos somente os quantis superiores, região onde as cópulas de valores extremos teriam maior potencial de identificação de dependência. Por fim, embora os experimentos não tenham identificado plena supremacia de uma abordagem (cópulas ou simetria geral ou de Basileia) em detrimento de qualquer outra, restou evidente a fragilidade da premissa de Normalidade da distribuição de probabilidade de default conjunta. Assim, os resultados obtidos não apenas contribuem para o argumento da necessidade de refinamento de modelos de risco de crédito voltados ao segmento rural, como principalmente sugerem que as cópulas são relevantes instrumentos para o desenvolvimento destes modelos. Os principais agentes econômicos a se beneficiarem deste refinamento são: (i) credores rurais, devido a uma maior eficiência no processo de concessão de crédito; (ii) seguradoras, dada a característica idiossincrática do risco de crédito rural de exposição a desastres naturais serem em boa parte absorvidos por essas companhias; (iii) reguladores (Banco Central e Susep), pela redução potencial do risco sistêmico oriunda de modelos de risco mais precisos de seus regulados, e; (iv) ao Setor Público, pela melhor eficiência no processo de concessão de crédito rural por ele subsidiado, além do auxílio na promoção dos objetivos humanitários relacionados à agricultura.