DAS KONSTRUKTSIIA IGRA: crítica da mística da cidade-máquina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Vasconcellos, Rachel Pacheco
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-10092019-152008/
Resumo: \"Construtivistas! Poupem-se de se tornar uma outra escola de estética! O construtivismo deve se tornar a forma superior da engenharia das formas de vida!\" clama Vladimir Maiakóvski no primeiro número da revista de vanguarda LEF, em 1923. De modo implicado com a contradição entre forma e conteúdo do trabalho, esta pesquisa desloca o construtivismo russo do campo da Arte e o toma como objeto de estudos da Geografia, entendendo o princípio de construção (, konstruktsiia) no sentido da produção do espaço que entrelaça as escalas da arquitetura, do urbanismo e do território. Por meio da crítica da economia política do espaço, vê que aquilo que esteticamente aparece como projeto modernista da vanguarda, não tratava de outra coisa senão de um plano de totalidade, inscrito no processo de modernização da sociedade russa pós-revolucionária que tinha na Planificação (econômica e espacial) seu instrumento para a formação do moderno Estado soviético. Neste contexto, a Máquina, paradigma do mundo moderno, concede sua lógica de sistema ao espaço social, de modo que o cotidiano, o plano do vivido, dos acontecimentos, ganha o sentido de \"funcionamento\" centrado na organização do trabalho. A esta utopia da forma corresponde uma ideologia geográfica, ideologia do Planejamento, da operação espacializada do modo de produção. A \"utopia socialista científica da Cidade-Máquina\" apresenta uma totalidade mistificada, pois a imagem racionalizada e tecnológica da sociedade oculta contradições intrínsecas à sua própria lógica. Um século após 1917, as contradições internas da modernização soviética explicitam seu conteúdo oculto: o colapso da União Soviética demonstra como é que o sistema estatal de produção de mercadorias, com o avanço do desenvolvimento das forças produtivas e o consequente agravamento da crise do trabalho, tal como demonstrado por Marx em O Capital, não deu conta de garantir a rentabilidade econômica do Estado nos quadros de um mercado planejado, de modo que precisou se abrir ao mercado global de capitais. Em 2017, os efeitos dessa ficcionalização da economia são flagrados na paisagem de Moscou: os edifícios construtivistas, concebidos com a função de dinamizar a sociabilização de uma realidade produtiva, perdem o sentido do uso para o qual foram planejados; são vistos em ruínas: abandonados, detonados ou incorporados por novos empreendimentos imobiliários e pelo marketing turístico da cidade. A deriva psicogeográfica em campo reacende os conteúdos da relação entre arquitetura e espetáculo. De projeção socialista, o projeto da vanguarda passa à especulação financeira, e demonstra como a exaltação socialista da máquina, celebrada pelos construtivistas, guardava em si o dispositivo crítico para sua própria destruição.