A lesão social da hanseníase em mulheres curadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Pereira, Dressiane Zanardi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-09022018-103111/
Resumo: Introdução: O Brasil é o segundo país no mundo em número de casos novos de hanseníase, doença infecciosa, com alto poder incapacitante e historicamente ligada preconceito, estigma e castigo e à exclusão social pela política sanitária de contenção da doença até meados do século passado. Avanços tecnológicos e mudanças na política de controle da doença conduziram a possibilidade de tratamento ambulatorial, alta por cura e experiências de participação em grupos de apoio, entretanto, questiona-se como pacientes que receberam alta por cura percebem, o processo de adoecimento, atribuem significado à cura e vivenciam marcas do estigma e do preconceito relacionado à doença. Objetivos: Identificar relações que mulheres que tiveram hanseníase estabelecem entre essa enfermidade e suas implicações para a vida cotidiana de cada uma; identificar significados atribuídos, por mulheres que tiveram hanseníase, ao processo de adoecimento; identificar tipos de relações das mulheres com a participação em um grupo de apoio; desvelar sentidos atribuídos pelas mulheres à experiência da cura da hanseníase e às consequentes lesões sociais. Metodologia: Foram realizadas entrevistas com quinze mulheres, ex-pacientes e membros do Grupo de Apoio a Mulheres Atingidas pela Hanseníase- GAMAH que desenvolve atividades educativas de autocuidados, profissionalização e geração de renda. Resultados: Os relatos das mulheres estão relacionados à hanseníase no cotidiano, com as narrativas sobre a complexidade do diagnóstico, apresentando a dor como marca mais significativa. Outra categoria resgata o retardo no diagnóstico e se explica por ser dado por profissionais não especialistas, pelo desconhecimento dos sintomas da doença pelas mulheres, ou ainda pela negação de estar doente. O apoio social encontrado no GAMAH configura outro agrupamento de ideias, mostrando o apoio na forma de assistencialismo, a forma que conheceu o GAMAH, e o mesmo como espaço de compartilhamento de vivências. Outro grupo de respostas se refere às sequelas permanentes, como complicações depois da hanseníase, sobre o tratamento e o cotidiano, e também sobre os cuidados com o corpo. E o ultimo agrupamento de respostas, refere-se aos processos de alta e os significados da cura da hanseníase, a crença na cura em contraponto com a descrença na cura, com uso de alguns indicadores para justificar as respostas, e ainda relatos de estigmas e preconceitos como representação da lesão social. Considerações Finais Diante do significado da vivência das mulheres com a hanseníase e dos desafios das mesmas na vida cotidiana para superar o que se chamou de lesões sociais, desvelou-se a questão que parece relacionada não somente a insuficiente implementação de políticas públicas, mas igualmente a problemas de acolhimento para a multiplicidade de cuidados que a hanseníase exige em termos clínicos e sociais, com ações que vão além da perspectiva de contenção da doença.