Efeitos de um treinamento da musculatura do pé sobre os aspectos biomecânicos da corrida: um ensaio clínico randomizado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Matias, Alessandra Bento
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-09032022-143823/
Resumo: A corrida de rua é uma das atividades físicas mais populares, entretanto, as lesões relacionadas à corrida são altamente prevalentes e podem levar à interrupção da prática. A etiologia das lesões é multifatorial e cargas mecânicas e aspectos da biomecânica de membros inferiores parecem estar associadas a estas lesões. O pé é o primeiro segmento a entrar em contato com o solo e qualquer alteração na sua estrutura, função ou forma de aterrissar é capaz de alterar a mecânica do restante do membro inferior. Dependendo do tipo de aterrisagem na corrida (retropé, antepé e mediopé), o arco longitudinal absorve e armazena, diferentemente, as cargas recebidas como energia, contando com uma estrutura complexa que é mantida pela musculatura intrínseca e extrínseca, por ligamentos e pela aponeurose plantar. Dado o papel crucial do pé na corrida, esta tese teve como objetivo investigar aspectos biomecânicos das articulações do pé na corrida, bem como avaliar, por meio de um ensaio clínico randomizado e controlado, a eficácia de uma intervenção fisioterapêutica inovadora de 8 semanas, baseada em exercícios para fortalecimento da musculatura dos pés e tornozelos, na cinemática do pé e nas forças e taxas de impacto durante a corrida, em 87 corredores fundistas recreacionais. Antes desse ensaio clínico principal, desenvolvemos estudos complementares para melhor compreender a biomecânica do pé em diferentes aterrissagens da corrida e investigar a usabilidade e confiabilidade do modelo multisegmentar do pé. A primeira etapa na construção desta tese foi a elaboração de um programa de exercícios para os pés e a concepção e design do protocolo do ensaio clínico randomizado e controlado. A segunda etapa foi avaliar a confiabilidade, usabilidade e acurácia das medidas do modelo multisegmentar do pé na corrida que são um importante desfecho do ensaio clínico. Concluímos que a repetibilidade interexaminadores do modelo é menor na corrida em relação ao andar. Propusemos e testamos uma nova configuração de marcas do modelo do pé para a avaliação do arco longitudinal medial que apresentou uma confiabilidade menor em relação à configuração original, porém, a variabilidade de todos os ângulos, quando projetados tridimensionalmente, sempre foi menor do que quando projetados bidimensionalmente. Também investigamos a correlação e a acurácia das variações do modelo multisegmentar do pé e da nova proposição de marcas para a avaliação do arco longitudinal medial com medidas radiográficas clínicas padrões. Constatamos que a nova proposição utilizando a tuberosidade do navicular como vértice do arco é a medida que fornece a estimativa mais acurada do arco, quando comparada às medidas radiográficas. Na terceira etapa desta tese, investigou-se como o tipo de aterrissagem na corrida (antepé ou retropé) influenciaria a biomecânica do pé. Verificou-se que a forma como o pé entra em contato com o solo na corrida determina diretamente como será o comportamento cinemático do restante dos segmentos do pé na fase de apoio. Ainda nessa etapa, observamos, surpresos, que o primeiro pico da força vertical e as taxas de carga em alguns corredores de antepé assemelharam-se às de corredores de retropé. Na última etapa desta tese, concluímos que a intervenção fisioterapêutica de 8 semanas para o pé foi eficaz para modificar os padrões cinemáticos das articulações do tornozelo, tarso-metatársica, médio-társica e metatarso-falangeana do hálux, bem como de alguns fatores de risco biomecânicos para lesões, tais como: o movimento do arco longitudinal e o ângulo do retropé. No entanto, não houve efeito nas forças de impacto e na taxa de carga durante a corrida. As mudanças observadas na cinemática das articulações do pé podem ser responsáveis pela redução na incidência de lesões relacionadas à corrida observadas após o programa de treinamento dos pés em corredores recreacionais