Efeitos do fortalecimento dos músculos dos pés na atividade física de vida diária e funcionalidade de tornozelo e pé de pessoas com polineuropatia diabética: um ensaio clínico controlado randomizado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Monteiro, Renan Lima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-04042022-155728/
Resumo: O aumento acelerado do número de casos de pessoas com diabetes está contribuindo para um rápido aumento no número de casos de complicações associadas, como a neuropatia periférica diabética (NPD), o que leva essas pessoas a conviverem com incapacidades e funcionalidade reduzida por um longo período de suas vidas devido ao comprometimento sensorial e musculoesquelético. De acordo com o Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study (2019) a necessidade de reabilitação pode ser necessária para qualquer pessoa com condições de saúde que levam a déficits de mobilidade sensoriais ou cognitivas, sendo os déficits musculoesqueléticos os com maior prevalência. Entretanto, atualmente há pouca e fraca evidência de estratégias terapêuticas para mitigar e reabilitar déficits musculoesqueléticos oriundos da NPD, o que contribui para a negligência dos serviços de reabilitação no tratamento e prevenção dessas complicações funcionais. Dessa forma, esta tese buscou propor, testar a viabilidade e a eficácia por meio de um ensaio clínico randomizado e controlado de um programa de exercícios terapêuticos para os pés de 12 semanas nos níveis de atividade física e velocidade da marcha de pessoas com NPD, bem como seus efeitos em desfechos clínicos e funcionais relacionados à NPD, tais como amplitude de movimento do tornozelo, sensibilidade tátil e vibratória, sintomas da NPD (desfechos que são fatores de risco para úlceras plantares), qualidade de vida, saúdes dos pés, força muscular e incidência de úlceras. Além da avaliação baseline, foram feitas reavaliações após 6, 12, 24 semanas e 1 ano. 78 participantes foram divididos em grupos: grupo intervenção (n=39, 61,6 ± 11,6 anos) e grupo controle (n=39, 60,0 ± 9,0 anos). A primeira etapa na construção desta tese foi a elaboração de um protocolo de exercícios fisioterapêuticos que focasse nos déficits musculoesqueléticos relacionados à NPD. Inicialmente, foi discutido com profissionais especialistas na área de NPD e fisioterapeutas especialistas em reabilitação do pé a cascata de complicações oriundos da NPD, bem como a definição dos principais desfechos do estudo. Os níveis de atividade física, medidos por meio do número de passos, e velocidade da marcha foram definidos como desfechos principais pois refletem diretamente a capacidade funcional física da pessoa com diabetes. Em seguida, foram discutidas estratégias de reabilitação com foco nos déficits funcionais físicos, como perda da força muscular intrínseca e extrínseca dos pés, rigidez articular e diminuição de mobilidade, e a partir de tais déficits foi desenvolvido o protocolo de reabilitação por meio de exercícios de fortalecimento e mobilidade, bem como exercícios funcionais. A realização dos exercícios em grupos de até 8 pessoas e progressão dos exercícios de forma individual foram estratégias adotadas para aumentar a adesão e potencializar os efeitos dos exercícios. Após o desenvolvimento e publicação do protocolo do estudo, a segunda etapa desta tese foi avaliar a viabilidade do ensaio clínico e do protocolo de exercícios, pois a escassez de estudos na área e o protocolo de exercícios inovador nos levaram a questionar a viabilidade do mesmo, bem como a satisfação e adesão dos participantes ao protocolo. O programa de exercícios foi viável, com base em uma taxa x moderada de recrutamento e uma população aderente (80%) e satisfeita (satisfação média 4,6 de 5), e a intervenção mostrou efeitos preliminares positivos ao longo do tempo em comparação com o grupo controle. A terceira e última etapa para a construção dessa tese foi o desenvolvimento do ensaio clínico propriamente dito. Os resultados deste ensaio clínico mostraram que 12 semanas de exercícios específicos para os pés com foco nos déficits musculoesqueléticos de pessoas com NPD foram capazes de aumentar a velocidade da marcha rápida e amplitude de movimento do tornozelo, melhorar a sensibilidade vibratória e qualidade de vida em comparação com o grupo controle após 12 semanas. Após 24 semanas, a intervenção proposta resultou em uma melhor qualidade de vida em relação ao grupo controle. E após 1 ano de acompanhamento, a velocidade de marcha rápida e a sensibilidade vibratória melhoraram no grupo intervenção em comparação ao grupo de controle. Assim, podemos concluir que o protocolo de reabilitação é viável, resultou em desfechos positivos para a pessoa com diabetes e NPD e pode-se sugerir a inclusão dessa abordagem como uma alternativa de tratamento e prevenção de complicações musculoesqueléticas relacionadas à NPD, embora ainda sem evidências na redução da incidência de úlceras plantares