Perfil clínico-patológico e estudo de antígenos leucocitários humanos (HLA) nos doentes com síndrome de Melkersson-Rosenthal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Gavioli, Camila Fatima Biancardi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5133/tde-29012020-120644/
Resumo: A Síndrome de Melkersson-Rosenthal é doença rara, de causa desconhecida, caracterizada pela tríade de edema persistente ou recorrente nos lábios e/ou facial, paralisia facial recorrente e língua plicada (fissurada). A fisiopatologia da síndrome permanece desconhecida, porém especula-se que possam estar envolvidos mecanismos genéticos, alergia alimentar, alergia a materiais dentários, infecções e relação com doença inflamatória intestinal, nenhum adequadamente comprovado. O objetivo desse estudo foi verificar as características clínico-epidemiológicas da síndrome de Melkersson-Rosenthal observadas nos doentes examinados no ambulatório de Estomatologia do Departamento de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, além de investigar possíveis fatores genéticos envolvidos por meio da determinação dos tipos de antígenos leucocitários humanos (HLA) apresentados pelos doentes. O estudo foi conduzido em duas etapas: na primeira etapa, foi realizado um estudo retrospectivo, com análise de prontuários e revisão dos exames histopatológicos realizados. Em seguida, foi executado um estudo caso-controle para comparação da frequência dos alelos da região HLA classe I e II em doentes portadores de síndrome de Melkersson-Rosenthal com um grupo controle saudável. A tipificação do HLA foi realizada com a metodologia de PCR-SSO (reação de polimerização em cadeia utilizando oligonucleotídeos de sequência específica). Foi utilizado o teste de qui-quadrado e realizada a \"clusterização\" dos resultados com o software R versão 3.4.3, com auxílio da função heatmap.2. Como resultados, foram encontrados 51 doentes com síndrome de Melkersson-Rosenthal, 26 mulheres (51%) e 25 homens (49%). A idade média na apresentação clínica foi de 35,69 anos. Edema orofacial estava presente em todos os casos, sendo o lábio superior a localização mais frequente (40/51, 78,4%). Paralisia facial e língua plicada ocorreram em 14/51 (27,45%) e 26/51 (50,98%) dos casos, respectivamente. A tríade completa de edema orofacial, paralisia facial e língua plicada foi encontrada em 10/51 (19,6%) dos casos. Os aspectos histopatológicos das lesões da cavidade oral biopsiadas variaram desde infiltrado linfocítico perivascular (16/47, 34%), esboços granulomatosos (24/47, 51%), até a presença de granulomas bem formados (7/47, 15%). Os tratamentos mais utilizados foram: infiltração intralesional de triancinolona, talidomida e dapsona. Os testes genéticos mostraram associação significativa com o HLA DRB1 * 11, (p < 0,0001, odds ratio [OR]: 4,009, 95% [IC]: 2,224-7,277); HLA A * 02 (p = 0,0269, OR: 1,79 [1,045-2,973]) e HLA DQB1 * 03 (p = 0,0177; OR: 1,829 [1,122-2,978]). Além disso, encontramos alguns HLAs com papel protetor contra a síndrome: HLA A*01 (p= 0,0046, OR: 0,097 [0,009-0,538]); HLA DRB1*04 (p=0,0274, OR:0,228 [0,053-0,844]); HLA DRB1*07 (p=0,0091, OR:0,183 [0,043-0,670]) e HLA DQB1*02 (p=0,0051, OR:0,312 [0,143-0,721]). Cinco doentes com síndrome de Melkersson-Rosenthal apresentaram associação com doença de Crohn. Esses doentes apresentaram perfil de HLA semelhante ao grupo total, sendo que em três desses cinco encontrou-se a presença do HLA DQB1 * 05, alelo associado à suscetibilidade à doença de Crohn em doentes caucasianos americanos. Logo, baseado nos estudos genéticos e considerando as duas doenças, sugerimos que se tratam de entidades distintas, mas que podem coexistir. Esse é o primeiro estudo genético da síndrome de Melkersson-Rosenthal realizado na América Latina