A revista colombiana Mito e os alcances do seu discurso político-cultural

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Kawakami, Vitor
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/tde-13122016-122305/
Resumo: Bastante significativa tem sido a atenção que críticos, historiadores ou pesquisadores de literatura colombiana vêm dando a Mito - revista bimestral de cultura (1955-1962) nas últimas décadas. O interesse despertado sobre essa publicação promovida por escritores como Jorge Gaitán Durán, Hernando Valencia Goelkel, Pedro Gómez Valderrama, Eduardo Cote Lamus, Rafael Gutiérrez Girardot e Jorge Eliécer Ruiz, para mencionar aqueles que foram seus principais responsáveis, reside principalmente na eficácia editorial que logrou a realização de 42 números de uma revista de indiscutível qualidade literária, tanto em termos críticos quanto de divulgação estética. A revista contou com inúmeros colaboradores de relevância literária nacional e internacional e por meio de suas páginas os leitores colombianos entraram em contato com correntes de pensamento que ajudaram a modernizar o ambiente intelectual e cultural do país. Como parte de um ambicioso projeto, a revista Mito foi também promotora de uma casa editorial de livros e de um programa radiofônico homônimos que, juntos, atuando simultaneamente nos campos culturais e políticos, contribuíram para marcar a cultura colombiana de tal forma que seus realizadores foram convertidos em obrigatórias referências canônicas na literatura do século XX em Colômbia e América Latina. O presente trabalho de pesquisa procurou identificar a trajetória do discurso político-cultural da revista Mito, assim como de suas ampliações dentro do que aqui denominamos como Projeto Mito, que surgiu diante da violenta crise social do país, foi alimentado pela necessidade de transformações dessa realidade, pela premência de liberdade total do ser humano, e teve como principais suportes argumentativos a tolerância opinativa associada ao antidogmatismo ideológico. Como consequência após o fim da publicação, o imaginário criado por esse eficaz e influente discurso acabou por proporcionar o acesso de seus intelectuais aos campos de poder, fato que não apenas permitiu o estabelecimento consagrador de suas realizações literárias como o de sua manutenção canônica ao longo dos anos, numa espécie de conservação discursiva perene em que residem complexos problemas de ordem historiográfica como os de tradição/ruptura ou de sincronia/diacronia. Para isso, a pesquisa inicialmente contou com estudos relacionando Mito com revistas e publicações periódicas nacionais antecessoras (Los Nuevos, Lecturas Dominicales de El Tiempo, Revista de las Indias e Crítica) e internacionais (Les Temps Modernes, Sur, Revista Mexicana de Literatura) em busca de influências ou uma comprovação de certa continuidade discursiva que pudesse conotar alguma tradição editorial; depois passou à devida leitura dos principais aspectos culturais publicados nas páginas da revista ou apreendidos do projeto como um todo, assim como à leitura que permitiu a identificação de sua representação política tomando alguns casos polêmicos para análise; para finalmente se dedicar à compreensão dos alcances do discurso político-cultural de Mito entre os campos do poder e da literatura em termos de política cultural e de historiografia.