Comparação da performance preditiva de escores prognósticos em pacientes vítimas de trauma internados em unidade de terapia intensiva: um estudo de validação externa de SAPS 3, SOFA, ISS e NISS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Roepke, Roberta Muriel Longo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5178/tde-23062023-163039/
Resumo: INTRODUÇÃO: A performance preditiva dos escores anatômicos em comparação com escores de doença crítica, em geral, em pacientes vítimas de trauma, admitidos em unidade de terapia intensiva (UTI) é desconhecida. O objetivo desta análise é realizar a validação externa, comparando a performance preditiva para mortalidade hospitalar de escores de doença crítica em geral (SAPS 3 e SOFA total nas primeiras 24 horas de admissão na UTI) e, de escores anatômicos (ISS e NISS) nessa população. MÉTODOS: Coorte retrospectiva de pacientes vítimas de trauma admitidos em uma UTI especializada de centro terciário de São Paulo entre maio de 2012 e janeiro de 2016. Dados relativos à admissão e primeira evolução para cálculo de SAPS 3 e SOFA foram coletados prospectivamente no banco de dados da unidade. Os escores ISS e NISS foram calculados retrospectivamente com base em resultados de tomografia e prontuário médico. A performance para predição da mortalidade hospitalar foi avaliada pela discriminação, calibração e utilidade clínica pela curva de decisão. RESULTADOS: A coorte incluiu 1.053 pacientes admitidos por trauma na UTI, sendo 84,2% do sexo masculino e com idade média de 40 (±18) anos. O mecanismo principal de trauma foi contuso (90,7%). Traumatismo cranioencefálico esteve presente em 67,8% dos pacientes, sendo grave em 43,3%. No momento da admissão na UTI, 846 pacientes (80,3%) estavam em ventilação mecânica invasiva e 644 (64,3%) em uso de droga vasoativa. Óbito hospitalar ocorreu em 251 pacientes (23,8%). Em relação aos escores prognósticos, a mediana de SAPS 3 foi 41; de SOFA total máximo nas 24 horas de admissão, 7; de ISS, 29; e NISS, 41. AUROCs (IC 95%) foram: SAPS 3 = 0,786 (0,756-0,817), SOFA total máximo em 24 horas de admissão = 0,807 (0,778-0,837), ISS = 0,616 (0,577-0,656) e NISS = 0,689 (0,649-0,729). Em comparações individuais, o SAPS 3 e o SOFA não foram diferentes, mas ambos foram melhores que os escores anatômicos (p <0.001). O SAPS 3 na equação geral e na equação América Central/Sul apresentaram calibração imperfeita. Após recalibração do intercepto e slope da equação, o SAPS 3 recalibrado apresentou melhor calibração ao longo de todo o limiar de risco do desfecho, semelhante ao observado com SOFA. O SOFA total nas primeiras 24 horas de admissão na UTI apresentou calibração próxima de ideal, ao longo de ampla faixa de predição de risco e o maior benefício líquido na curva de decisão. CONCLUSÃO: Os escores anatômicos ISS e NISS têm performances preditivas baixas em pacientes críticos com trauma, sendo superados pelos escores SAPS 3 e SOFA total máximo de 24 horas de admissão. A gravidade de doença crítica em trauma é mais bem caracterizada por disfunção orgânica e variáveis clínicas do que por lesões anatômicas