Habilidades linguísticas em pacientes com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rezende, Ingrid Silva Montanher
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17160/tde-03012023-112610/
Resumo: Introdução: O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é o transtorno do neurodesenvolvimento mais comum na prática clínica e é frequente a ocorrência de comorbidades, como transtornos de comunicação e de aprendizagem. Assim como a atenção e as funções executivas são primordiais como funções corticais superiores e as disfunções executivas já são bem reconhecidas no transtorno, é notória a interface dessas com a linguagem. Quanto à metalinguagem, sob a perspectiva psicolinguística e tais alterações no TDAH, foram encontrados poucos estudos na literatura avaliando múltiplas habilidades linguísticas em uma única amostra. Objetivos: Caracterizar as habilidades linguísticas: consciência fonológica (fonêmica e silábica), consciência sintática, semântica e pragmática em uma amostra de pacientes com TDAH atendidos ambulatorialmente no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP) e comparar as características das habilidades linguísticas nas diferentes apresentações de TDAH. Material e Métodos: Estudo realizado de forma retrospectiva, por meio de análise de prontuários e banco de dados de pacientes acompanhados no Ambulatório de Distúrbios do Comportamento e Aprendizado do HCFMRP-USP entre os anos de 2015 e 2019. Foram coletados dados linguísticos a partir de provas fonoaudiológicas e neuropsicológicas disponíveis. Resultados: Foram analisados 143 prontuários, desses, após avaliação multiprofissional completa, 46 pacientes apresentavam diagnóstico bem fundamentado de TDAH. Seguindo os critérios de inclusão e exclusão, a amostra compreendeu 26 pacientes. Quatorze (53,8%) foram classificados com TDAH predomínio desatento e 12 (43,2%) com TDAH combinado. As habilidades linguísticas estiveram alteradas em 22 pacientes, o que corresponde a 84,6% da amostra; 63,3% apresentaram mais de uma habilidade linguística alterada. Quanto à consciência fonológica, nove pacientes apresentaram resultados alterados (34,6%) na consciência silábica e 11 (42,3%) na consciência fonêmica. Na consciência sintática foram 10 (38,5%). Quanto ao vocabulário e à compreensão, houve alterações em 12 (46,2%) e em 10 (38,5%), respectivamente. Quanto ao QIT (Coeficiente intelectual total), 13 pacientes (50%) se enquadraram entre média inferior e limítrofe. O ICV (Índice de compreensão verbal) esteve alterado em 15 pacientes (57,7%) e o IMO (Índice de memória operacional) e IVP (Índice de velocidade de processamento) igualmente em 15 (57,7%). Houve associação mais pronunciada entre o IMO e o QIT nos pacientes do grupo TDAH predomínio desatento. Os dados das provas atencionais estiveram alterados em 11 pacientes (42,3%). Em relação às demais funções executivas, foram observadas alterações em 17 pacientes (65,4%). Quanto aos dados linguísticos coletados, não houve diferença estatística entre os dois grupos: TDAH predomínio desatento e combinado. Conclusão: Concluiu-se que as habilidades linguísticas estiveram alteradas em 84,6% da amostra de pacientes com TDAH, sendo possível observar em maior frequência alterações no vocabulário, seguido de alterações em consciência fonêmica, após compreensão e consciência sintática; e por último, consciência silábica. O presente estudo se faz relevante devido ao número expressivo de alterações encontradas e por avaliar as habilidades linguísticas globais em uma única amostra. O tamanho da amostra e a ausência de um grupo de pacientes com apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva podem ser apontados como possíveis explicações da ausência de significado estatístico e apresentam-se como as principais limitações do estudo.