Adaptação cultural e validação do instrumento diabetes - 39 (D-39): versão para brasileiros com diabetes mellitus tipo 2 - fase 1

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Queiroz, Flávia Alline de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-07072008-111923/
Resumo: Diabetes mellitus é considerado um importante problema de saúde pública, que, pelas conseqüências decorrentes de suas complicações e tratamento, poderá afetar a qualidade de vida das pessoas acometidas. Os conceitos trazidos pela literatura sobre Qualidade de Vida têm enfocado a percepção das pessoas sobre suas experiências e satisfação em relação a determinadas áreas que compõem a natureza humana. Nas últimas décadas tem crescido o interesse de obter indicadores para avaliar os resultados de intervenções clínicas, de modo a garantir maior resolutividade dos problemas de saúde. Neste contexto surgem os estudos de Qualidade de Vida Relacionada à Saúde, que se constituem em um modelo multidimensional para incluir os vários aspectos da vida humana, no qual a pessoa é fonte primária de informação, para expressar as conseqüências da enfermidade e do tratamento, na sua vida diária. A literatura traz instrumentos gerais e específicos para avaliar a qualidade de vida em relação à saúde. Entendemos que os instrumentos específicos poderão trazer informações direcionadas a realidade que se pretende atuar. Entre os instrumentos específicos de qualidade de vida das pessoas com diabetes, identificou-se o instrumento D-39 para avaliar a qualidade de vida das pessoas com diabetes mellitus. Desta forma, o presente estudo teve como objetivos adaptar o D-39 para a língua portuguesa e desenvolver uma primeira fase do processo de validação, em um estudo piloto. Trata-se de um estudo transversal, de caráter metodológico, com análise psicométrica na simulação do teste de campo para a validade (face, constructo) e a confiabilidade da versão adaptada em uma amostra de brasileiros com diabetes mellitus tipo 2. Este instrumento é composto por 39 itens divididos em cinco domínios (Controle do diabetes, Ansiedade e preocupação, Sobrecarga social, Funcionamento sexual e Energia e mobilidade). O presente estudo foi conduzido em Unidade Básica de Saúde em uma amostra de conveniência, composta por 52 pessoas com diabetes mellitus tipo 2. O processo de adaptação seguiu os seguintes passos metodológicos: tradução do D-39 para a língua portuguesa; avaliação por um Comitê de Juízes; \"back-translation\" da versão para o inglês, comparação das duas versões em inglês; análise semântica dos itens; préteste da versão adaptada e aplicação da versão final em português entre os participantes. Encontramos predomínio de pessoas do sexo feminino (65,4%), convivendo em companhia 9 conjugal ou com filhos (75%), idade entre 45 e 84 anos, média de 62,8 anos (DP=8,6) e baixa escolaridade (71,1%). Em relação à doença, o tempo médio de duração foi de 9,15 anos (DP=4,2); 23 participantes não faziam uso de insulina (23/52; 44,2%) e 29 faziam (29/52; 55,8%). Quanto às comorbidades, identificamos que 84,6% das pessoas apresentavam sobrepeso e obesidade; o valor médio da pressão arterial sistólica foi de 136,15 mmHg (DP=22) e da diastólica 80,57 mmHg (DP=13,34). Na versão adaptada do instrumento D-39, as respostas variaram de 1 a 7; o intervalo possível, para a soma dos 39 itens variou de 49 a 217, e quanto maior o valor, pior a avaliação da qualidade de vida. Obtivemos uma média total do instrumento de 152,5 (DP=38,6). Para a validade de constructo, verificamos a convergência e a divergência entre os itens do D-39. O D-39 possibilitou discriminar entre as pessoas que faziam e as que não faziam uso de insulina. Houve correlações moderadas entre os domínios Controle do diabetes e Ansiedade e Preocupação (0,52), Controle do diabetes e Funcionamento Sexual (0,55), Ansiedade e Preocupação e Energia e Mobilidade (0,46), Sobrecarga Social e Funcionamento Sexual (0,58), Sobrecarga Social e Energia e Mobilidade (0,56), Funcionamento Sexual e Energia e Mobilidade (0,60), e correlação forte entre os domínios Controle do diabetes e Energia e Mobilidade (0,64). A consistência interna, representada pelo alfa de Cronbach, mostrou resultados significantes para o total do instrumento (0,91) e valores variando de 0,58 a 0,85 entre os domínios. Diante dos resultados podemos concluir que a versão adaptada para o português do D-39 mostrou atender aos critérios de validade e confiabilidade exigidos para um instrumento de avaliação da QVRS, mantendo as propriedades da versão original.