Sobre o conceito de intradutibilidade na teoria da linguagem presente no Ensaio sobre o entendimento humano, de John Locke

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Moreira, Camila Bozzo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8160/tde-16022018-124748/
Resumo: Esta dissertação reserva-se à analise do conceito de intradutibilidade presente na teoria da linguagem desenvolvida por John Locke, no Livro III, das palavras, de seu Ensaio sobre o entendimento humano, de 1690. Essa teoria visa rejeitar conceitos em voga no séc. XVII, especialmente o inatismo, advogando em favor do argumento de que o entendimento é adquirido por meio da experiência sensorial, sendo esta particular a cada indivíduo. Nesse sentido, a forma como as ideias são apreendidas na mente de cada indivíduo é também particular; a linguagem, portanto, é vista pelo autor como o instrumento responsável por socializar essas ideias particulares e permitir a comunicação. Entretanto, somada à crítica ao inatismo, Locke, no Livro III, questiona i. o emprego abusivo das palavras no contexto científico, ao elencar uma série de ações realizadas por debatedores para impressionar seu ouvinte muito mais do que transmitir um conhecimento e refletir sobre a Verdade e ii. a natureza imperfeita das palavras que compõem a linguagem especialmente devido ao seu comportamento arbitrário, ou seja, sua relação com as ideias que devem representar não é natural, mas imposta pelo homem. Ademais, Locke afirma, também como contraposição às discussões da época, haver duas essências: a nominal, acessível à nossa apreensão e delimitada pelas palavras, e a real, cuja totalidade é inapreensível pela experiência e, por extensão, pelas palavras. Assim, ao defender a intradutibilidade, argumenta em favor de um novo método de investigação filosófica, que leva em consideração a particularidade do falante, a arbitrariedade na relação entre as palavras e as ideias e a impossibilidade de 7 se acessar a realidade em sua totalidade. A afirmação da intradutibilidade não exclui a prática da tradução, reconhecida por John Locke no mesmo livro III, defende apenas o supracitado. Por isso, esta dissertação também apresenta uma tradução desse Livro III para uma demonstração prática da teoria predicada por esse autor e uma reflexão das escolhas realizadas no intuito de adequar-se aos argumentos levantados e analisados ao longo de toda a dissertação.