Ensino de física  e deficiência visual: possibilidades do uso do computador no desenvolvimento da autonomia de alunos com deficiência visual no processo de inclusão escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Carvalho, Julio Cesar Queiroz de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-21082015-173525/
Resumo: Ao pensarmos no Ensino de Física voltado aos alunos com deficiência visual, a linguagem matemática mostra-se desafiadora, pois sua sintaxe bidimensional, essencialmente simbólica, restringe-a a uma \"cultura de videntes\". Com o desenvolvimento dos ledores de tela, tornou-se possível o acesso ao computador por pessoas com deficiência visual. No entanto a linguagem matemática convencional oferece certas barreiras à acessibilidade. O problema central de nossa investigação foi: Quais as possibilidades e limitações ao se introduzir a linguagem LaTeX, associada à softwares ledores de tela, na mediação de processos ativos de leitura e resolução de problemas de Física, por meio do computador, que envolvam expressões matemáticas? Segundo Vigotski, a mediação simbólica é o pilar central da relação do homem com o meio ambiente e com próprio homem, por meio da qual as funções psicológicas superiores se desenvolvem. Vigotski caracteriza o processo de mediação por meio de dois elementos: O instrumento, que regula as ações sobre os objetos, e o signo, que regula as ações sobre o intelecto das pessoas. O trabalho foi estruturado sob as bases da pesquisa qualitativa, sendo a interpretação dos dados baseada na Análise do Discurso em Bakhtin. Para Bakhtin, o processo da comunicação passa pela \"compreensão\" e posteriormente pela \"resposta\", cujos interlocutores saem da condição de somente ouvintes e passam a ter uma atitude \"responsiva ativa\", devendo considerar como \"unidade real da comunicação verbal\", não a palavra, mas o \"enunciado\". Para a primeira etapa, em que submetemos quatro softwares ledores de tela (NVDA, ORCA, JAWS e VIRTUAL VISION) à leitura de sentenças matemáticas presentes em textos de Física, os resultados mostraram que as principais barreiras à acessibilidade estavam concentradas em elementos gráficos e na linguagem matemática. Ao testarmos a acessibilidade dos ledores de tela com expressões matemáticas baseada no padrão QWERTY, o resultado foi a leitura integral de cada caractere por parte deles. Assim, o problema central da acessibilidade a conteúdos matemáticos presentes em textos de Física, não estava nos ledores de tela, mas na própria linguagem matemática. O objetivo foi chamar a atenção para uma linguagem de programação bastante difundida no meio acadêmico, principalmente na Física e Matemática, a Linguagem LaTeX, na diminuição de barreiras no uso do computador por alunos com deficiência visual em aulas de Física. Na segunda etapa, em que introduzimos a Linguagem LaTeX no contexto do processo ativo de leitura e resolução de problemas de Física por dois alunos do ensino médio de uma escola pública, a nova linguagem não somente mostrou-se acessível como compreensível por parte deles. Assim, destacamos como potencialidades da linguagem LaTeX: Compor-se de caracteres textuais, acessíveis aos dispositivos OCR; Possuir padrão de escrita linear, portanto simplificado; Possuir códigos curtos e intuitivos, facilitando sua memorização e utilização. Em se tratando de uma linguagem padronizada, suas limitações estavam relacionadas à sua estrutura, ou seja, o fato de os códigos serem escritos em Inglês e as expressões matemáticas escritas dentro de ambientes matemáticos, o que dificulta o processo de interiorização e aplicação dessa nova linguagem por parte dos alunos.