Amores (des)racializados: um estudo psicossocial dos casamentos de \"amarelos\" com negros e brancos em São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ueno, Laura Satoe
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-05112020-194908/
Resumo: Esta pesquisa teve por objetivo analisar as percepções acerca de raça-etnia em casamentos interraciais de amarelos com negros e com brancos em São Paulo. Procuramos compreender como as diferenças eram vividas pelos parceiros na interação com os familiares e em ambientes públicos. Na discussão das dinâmicas raciais - não binárias - entre os três grupos, articulamos a teoria da triangulação racial de asiáticos, do campo da Sociologia, às configurações triangulares, do campo psicológico. O método utilizado, dentro da abordagem construcionista, incluiu no campo pesquisado uma revisão de literatura acadêmica, a observação de relatos e de discussões sobre o assunto nas redes sociais e em episódios do cotidiano, conversas informais com dois sujeitos e com dois casais, além da realização de entrevistas em profundidade com quatro casais. Os significados de raça no relacionamento conjugal eram negados ou atenuados no discurso da maioria dos participantes. Contraditoriamente, as experiências narradas do convívio com a família e o meio social eram racializadas, em que traços biológicos e/ou culturais eram associados a características pessoais. Estereótipos e microagressões raciais faziam parte da vivência e da história dos parceiros não brancos e as identidades étnico-raciais mostraram-se salientes nas fronteiras entre os grupos. Brancos e amarelos não encontraram resistências da família dos parceiros ao casamento inter-racial, enquanto manifestações racistas com profundos impactos psicológicos foram experienciadas por cônjuges negros, não aceitos automaticamente nas famílias asiáticas. A branquitude como norma permeava não só a busca da brasilidade pelos amarelos casados com brancos, mas também o cotidiano das famílias afroasiáticas. Percebeu-se existência de maior ansiedade social em relação aos casais amarelo e negro, e em torno do nascimento de seus filhos. Porém, estes casais adotavam estratégias de enfrentamento, contando com apoio mútuo e posicionando-se como unidade. Os que se conscientizaram das desigualdades de poder no contato com reflexões interseccionais sobre raça e gênero, passaram a afirmar de forma positiva as identidades não brancas e a considerar ativamente essas dimensões no processo de socialização dos filhos. Buscou-se com este estudo contribuir para preencher a lacuna notada quanto aos estudos étnicos e raciais envolvendo asiático-brasileiros, particularmente na esfera das relações afetivo-sexuais. Os resultados mostraram ser relevantes para uma compreensão do lugar complexo dos amarelos nas hierarquias raciais brasileiras, sendo pontuadas as implicações para o racismo e o antirracismo