Poder, violência e dominação simbólicos em um serviço público de saúde que atende a mulheres em situação de gestação, parto e puerpério

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Pereira, Wilza Rocha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/83/83131/tde-07012008-153636/
Resumo: Esta pesquisa teve por finalidade apreender os processos de construção, instalação e banalização do poder, da violência e da dominação simbólicos dentro de um serviço público hospitalar que atende mulheres em situação de gestação, parto e puerpério. Seus objetivos foram a compreensão desses mesmos processos nas vivências das mulheres pacientes e nas experiências das trabalhadoras da saúde, bem como a apreensão da sua constituição nos aspectos relacionados à organização do espaço físico e burocrático no contexto hospitalar estudado. O referencial teóricometodológico utilizado foi inspirado na teorização de Pierre Bourdieu, sobre poder, violência e dominação simbólicos, cujas noções foram, neste trabalho, adaptadas para o estudo das relações que ocorrem entre os(as) trabalhadores(as) e as mulheres usuárias de serviços públicos de saúde. Foram incorporados à teorização de Bourdieu as referências conceituais de gênero e etologia, todas muito imbricadas no processo de análise. A análise temática foi a técnica que orientou o tratamento do material empírico. Com base na análise do material coletado através de entrevistas com as usuárias e profissionais de saúde, observação, participante, análise de prontuários e filmagem do espaço hospitalar, defini três unidades de significado. As duas primeiras unidades se concentraram na análise do poder, da violência e da dominação simbólicos nas ações e práticas de saúde da medicina e da enfermagem. A terceira foi reservada ao estudo desses elementos na forma como eles estão impressos no ambiente físico e organizacional do serviço estudado. O quadro analítico da pesquisa apontou inicialmente, para os processos de construção, banalização e naturalização do poder, da violência e da dominação simbólicos nas práticas de saúde e no espaço físico do serviço estudado. Em sincronia com esses processos, emergiram as diferenças impressas pela aprendizagem de gênero entre as práticas médica e de enfermagem, no que diz respeito ao processo de assistir e se relacionar no hospital. Junto à análise das duas primeiras unidades, evidenciou-se a aguda consciência das mulheres sobre a fragilidade da sua condição de pacientes nos serviços públicos, indicando também as resistências e a rejeição dessas à já naturalizada objetificação de suas pessoas pelas práticas de saúde dentro do serviço estudado. Os dados também revelaram, na análise etológica, as muitas adaptações, concessões e mesmo os arranjos feitos pelas mulheres clientes dos serviços públicos para ajustar-se ao ambiente hospitalar e a quase inexistente contrapartida do serviço neste mesmo sentido. Portanto, pude concluir que a dominação simbólica, por ser sempre ratificada a partir do olhar dominante, por evidências que podem ser atestadas pela precariedade tanto de seu espaço físico quanto simbólico nos serviços de saúde e por já estar inscrita nas disposições corporais dos indivíduos, bem traduz o valor e a importância da clientela feminina para o serviço estudado