Manifestações musculoesqueléticas associadas à hepatite C crônica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Nakamura, Andréa Aparecida Siqueira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-25112013-102520/
Resumo: INTRODUÇÃO: A infecção pelo vírus C é um grande problema de saúde pública e tem se tornado a principal indicação de transplante de fígado. Com uma distribuição universal, é a segunda doença crônica viral mais frequente no mundo. No entanto, a hepatite C crônica é mais que uma doença hepática. Pacientes com infecção crônica pelo HCV podem desenvolver um grande número de manifestações extra-hepáticas independentemente da gravidade da doença hepática. Há muitas doenças reumatológicas associadas à infecção pelo HCV, incluindo artralgia, mialgia e artrite. MÉTODOS: Um estudo transversal desenvolvido entre os pacientes atendidos no Ambulatório de Hepatites da Divisão de Clínica de Moléstias Infeciosas e Parasitárias do HCFMUSP, na cidade de São Paulo, no período de 2004 a 2008, selecionou 243 pacientes que preencheram os critérios de inclusão e assinaram o termo de consentimento após esclarecimentos sobre a pesquisa. Foi realizada uma entrevista com os pacientes, em que foram coletadas informações demográficas, epidemiológicas e clinico-laboratoriais. Foram realizados exames laboratoriais, bioquímicos, hematológicos, imunológicos, PCR, HCV, RNA quantitativo e genotipagem do HCV. A avaliação das características da infecção pelo HCV (epidemiológica, histológica, virológica), associada às manifestações extra-hepáticas clínicas reumatológicas (aquelas com prevalência > 10%) e laboratoriais (com prevalência > 5%), foi realizada utilizando-se as análises univariada e multivariada (regressão logística). Odds ratios (OR) ajustados e intervalos de confiança de 95% (IC 95%) foram derivados do coeficiente do modelo logístico multivariado final. Todas as análises foram realizadas com o pacote estatístico SPSS. RESULTADOS: Dos 243 pacientes estudados, pudemos determinar a provável forma de infecção em 147 (60,49%). Dos 147 pacientes, 93 (38,27%) sofreram transfusão sanguínea prévia, 10 (4,11%) tinham histórico de uso droga injetável há mais de 1 ano, 15 (6,17%) tinham antecedente de uso do droga inalatória há mais de 1 ano, 11 (4,52%) eram profissionais da saúde com histórico de acidente com material perfuro-cortante, 10 (4,11%) realizaram tatuagem e 8 (3,29%) tinham parceiro portador de hepatite C crônica. Nessa análise, 148 (60,9%) dos pacientes com hepatite C crônica apresentaram queixa de artralgia, 145 (59,7%) apresentaram queixa de mialgia, 144 (59,3%), de cansaço. A artrite esteve presente em 50 (20,57%) dos pacientes avaliados nesse estudo. Dentre estes pacientes, o envolvimento foi predominantemente poliarticular em 36 (72%) deles, acometendo grandes e pequenas articulações, simultaneamente, em 29 (58%). Idade maior que 50 anos, dor nas costas e crepitação em articulações mostraram-se fatores associados à artrite. Observou-se que sexo feminino, tabagismo importante e fibrose hepática avançada (F3 e F4) foram fatores associados à artralgia. Sexo feminino e tabagismo importante foram fatores associados à mialgia. CONCLUSÃO: Foi encontrada elevada prevalência de manifestações musculoesqueléticas entre os pacientes portadores de hepatite C crônica deste serviço. Os fatores de risco mais frequentes para a presença das manifestações extra-hepáticas foram sexo feminino e idade maior que 50 anos. Os autoanticorpos, embora freqüentes, não mostraram significância estatística com relação às principais manifestações musculoesqueléticas analisadas. Infiltrado inflamatório hepático e nível de transaminases também não apresentaram significância estatística