A nasalização na língua Dâw

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Andrade, Wallace Costa de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-02102014-180633/
Resumo: Consoantes oclusivas sonoras e nasais apresentam similaridades articulatórias. Estes grupos de fones, em algumas línguas indígenas brasileiras, são alofones de um mesmo fonema. Nesses sistemas, há alofones intermediários que apresentam contorno oral-nasal. A língua Dâw, embora descrita com fonemas distintos para as classes oclusivas e nasais, apresenta consoantes de contorno como alofones em situação muito restrita: coda seguindo vogal oral. Este trabalho tem como objetivo descrever e analisar os contextos de nasalização da língua Dâw, através da elicitação de dados originais. Foram realizados três trabalhos de campo, nos quais fizemos gravações de dados com falantes nativos. Obtivemos dados acústicos, através de gravadores digitais, e aerodinâmicos, através do equipamento EVA2 que apresenta transdutores diferenciados para a medição de fluxo de ar oral e nasal. Utilizamos o conceito de distribuição para analisar os dados obtidos, devido à ausência de pares mínimos, pois a língua é tipologicamente isolante-analítica. Corroboramos a descrição anteriormente realizada (Martins, 2004) sobre a categorização de nasais como fonemas distintos, tanto consonantais como vocálicos. Verificamos também a ocorrência de espalhamento de nasalização de aproximantes tautossilábicas a partir de vogais nasais, como descrito, e acrescentamos à descrição o processo de espalhamento para a fricativa glotal surda /h/ quando esta se encontra na mesma sílaba que uma vogal nasal. Conseguimos determinar que o ambiente prosódico de espalhamento de nasalização é a sílaba, já que esse fenômeno não ocorre entre sílabas. Analisamos também se o contorno oral de consoantes nasais poderia ser um processo de longo alcance. Entretanto, os dados demonstraram seu alcance local, também restrito à estrutura da sílaba. As consoantes nasais de contorno oral resgatam, possivelmente, um estado antigo da língua, que pode ser verificado nas línguas-irmãs Hup e Yuhup, de restrição a adjacências mistas oral e nasal. Por ocorrer somente em posição de coda, atribuímos que o contato com o português-brasileiro (PB) manteve esse alofone nesta posição, pois no PB ocorre espalhamento de nasalização regressivo, o que seria indesejável para a língua Dâw, que possui distinção fonêmica entre vogais orais e nasais. Essa dessincronização do gesto velar causa o contorno devido às similaridades articulatórias entre oclusivas sonoras e nasais. Houve, ainda, dados em que a aerodinâmica não correspondeu à percepção acústica, ou seja, escutamos uma nasalização, mas não havia fluxo de ar correspondente. Achamos que essa discrepância deve-se a alguma manobra articulatória não compreendida. Quanto aos processos analisados através do método da Fonologia Prosódica, concluímos que ambos os processos não ocorrem em constituintes prosódicos hierarquicamente superiores