Avaliação da circulação do vírus da febre do Nilo Ocidental no Estado de São Paulo: aves e equídeos como população sentinela

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Siconelli, Márcio Junio Lima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
WNV
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-05022024-170854/
Resumo: O vírus da febre do Nilo Ocidental (WNV) é um arbovírus do gênero Flavivírus (família: Flaviviridae) e foi isolado pela primeira vez na África em 1937. Embora esteja amplamente distribuído pela Europa, Oriente Médio e desde 1999, nos EUA, onde sazonalmente causa surtos epidêmicos, é considerado emergente na América do Sul. O WNV é responsável por causar uma doença semelhante à dengue em seres humanos, mas em cerca de 1% dos casos pode cursar com o comprometimento do sistema nervoso central (SNC). Nos animais, equídeos em geral, o comprometimento neurológico pode chegar a 10%. Esse vírus foi registrado oficialmente pela primeira vez no Brasil em 2014, um caso humano no Estado do Piauí e a primeira detecção animal foi em equídeos no Espírito Santo em 2018, por meio de técnicas moleculares e de isolamento viral. Depois disso, estados como Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Piauí também confirmaram a detecção do WNV em equídeos. Embora as aves desempenhem papel central no ciclo de transmissão, até o momento nenhum isolamento foi relatado, e dessa forma o ciclo enzoótico permanece desconhecido. Dada à sua recente detecção na região sudeste e a ausência de uma vigilância bem estabelecida, este estudo buscou fomentar e propor um modelo de vigilância para o WNV em aves e equídeos no Estado de São Paulo (ESP). Foram estudados aves e equídeos que morreram com alguma síndrome neurológica ou de causa indeterminada. Todas as amostras de equídeos estudadas foram negativas para a raiva animal. Amostras de SNC e coração, este apenas para aves, foram coletadas desses animais. O material coletado foi conseguido devido à colaboração entre institutos de pesquisa e de diagnóstico da raiva animal, universidades, empreendimentos de fauna e unidades de vigilância de zoonoses do ESP, nomeada de Rede ZooARBO SP. Nesse estudo foi realizada a RT-qPCR para o WNV, encefalite de Saint Louis, e vírus dos gêneros Flavivírus e Alphavírus, além do diagnóstico histopatológico, com avaliação pela Hematoxilina e Eosina e imuno-histoquímica para o WNV. Entre os anos de 2017 e 2022, foram avaliados 1140 animais, sendo 364 equídeos e 776 animais selvagens, e destes, 679 aves, sendo os Passeriformes a ordem mais amostrada. Todos os animais testados foram negativos para os testes realizados. Apesar disso, 11 pombos da região nordeste do ESP foram testados pela técnica sorológica PRNT80, sendo encontrado títulos de anticorpos neutralizantes contra o WNV em seis animais, evidenciando pela primeira vez, a possível circulação desse vírus no estado. Os estudos devem ser mantidos para que o ciclo de transmissão no Brasil seja elucidado e a vigilância direcionada corretamente. O estabelecimento da rede foi essencial para a realização desse inquérito viral e mostrou que é possível ampliar a vigilância das arboviroses com os fluxogramas e estruturas já existentes no sistema único de saúde do ESP, além da importância de unir esforços com os setores da agricultura e do meio ambiente. Somente com esse alinhamento será possível estabelecer um sistema de vigilância baseado em sentinelas, eficaz para que as ações de prevenção e controle necessárias sejam conduzidas oportunamente diante da presença de um caso confirmado, evitando-se assim uma epidemia.