O conhecimento de pré-escolares sobre a escrita: impactos de propostas didáticas diferentes em regiões vulneráveis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Scarpa, Regina Lúcia Poppa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-20102014-115756/
Resumo: A presente pesquisa se propôs a indagar que conhecimentos sobre a língua escrita tinham crianças provenientes de famílias de baixa renda, com escasso contato com livros e leitores no seu entorno extraescolar, ao final da etapa pré-escolar, e em que medida tais conhecimentos poderiam estar relacionados a duas propostas didáticas diferentes. As escolas foram selecionadas em periferias urbanas consideradas de alta vulnerabilidade quando comparadas com outras regiões dos mesmos municípios. Além desse critério de seleção da amostra, procuraram-se pares de instituições com perspectivas contrastantes no que concerne às possibilidades de acesso oferecidas para o ingresso das crianças pequenas nas culturas do escrito. As quatro escolas selecionadas, após análises preliminares, foram organizadas em dois grupos: de um lado, aquelas que propunham práticas de ensino pautadas na apresentação gradual e sequenciada de letras e atividades de cópia (Escolas X) e, de outro, pré-escolas que consideravam a língua escrita como um objeto cultural com o qual as crianças interagiam exercendo diversas práticas sociais de leitura e escrita em distintos contextos de uso, ao mesmo tempo em que tinham possibilidades de apropriar-se das particularidades do sistema de escrita alfabético (Escolas Z). Foram propostas a 60 crianças, com idade média de 6 anos, de ambos os sexos, a resolução de algumas tarefas: escrita do nome próprio e de uma lista de palavras do mesmo campo semântico; leitura de títulos de história em uma série de subtarefas encadeadas com diferentes graus de contextualização; exploração de livros informativo e literário; omissão do primeiro fonema de uma lista de palavras, apenas de forma oral, e conhecimento de letras em um teclado de computador. Os dados obtidos mostraram que em todas as tarefas propostas o grupo das Escolas Z obteve melhores resultados quando comparado ao das Escolas X, sendo que, em algumas, essa diferença mostrou-se expressiva. A análise qualitativa sugere que essa regularidade nos resultados é de especial interesse uma vez que os conhecimentos das crianças sobre a língua escrita, bem como os procedimentos por elas utilizados, podem ser vinculados com as diferentes propostas didáticas envolvendo a leitura e a escrita das quais tiveram a oportunidade de participar. Foi possível concluir que as crianças de todas as escolas possuíam diversos conhecimentos sobre a escrita e tiveram contato sistemático com a linguagem escrita e com textos diversificados. Contudo, a oportunidade que as crianças tiveram de escrever segundo suas possibilidades, de interpretar o escrito, trocar com pares e receber ajuda de docentes que conhecem a especificidade da construção inicial da escrita, promoveu maiores aprendizagens acerca da língua escrita, do que as atividades de cópia e treino de habilidades perceptivo-motoras. Consideramos que esta pesquisa pode vir a fornecer novos elementos para compreender e caracterizar as propostas didáticas de leitura e escrita vigentes na Educação Infantil e fornecer dados que poderão contribuir para alimentar os debates atuais acerca de quem é e o que sabe essa criança que, desde 2010, chega aos 6 anos de idade nas salas de 1º ano do Ensino Fundamental de nove anos.