Fatores de permanência e desligamento de médicos em serviços de Atenção Primária à Saúde na Zona Leste do município de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Bourget, Monique Marie Marthe
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-31012020-163837/
Resumo: Introdução: Um dos grandes desafios dos sistemas de saúde é garantir recursos humanos qualificados, suficientes, permanentes e adequados para cada realidade, território e nível de atenção. A escassez e a alta rotatividade de médicos são problemas recorrentes em sistemas de saúde, prejudicando a expansão e o pleno funcionamento da Atenção Primaria à Saúde, considerada a principal porta de entrada e a ordenadora das redes de serviços de saúde. Objetivos: analisar as características, os perfis e a mobilidade de médicos, bem como os fatores associados à permanência ou desligamento desses profissionais nos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) sob gestão da organização Santa Marcelina na Zona Leste do Município de São Paulo entre os anos de 2001 à 2016. Métodos: trata-se de um estudo longitudinal retrospectivo baseado em registros administrativos de médicos contidos em duas bases secundárias distintas: o departamento de Recursos Humanos da Organização Social Santa Marcelina e o estudo Demografia Médica no Brasil, da Faculdade de Medicina da USP. O estudo foi conduzido na Zona Leste do município de São Paulo, região periférica com alta densidade demográfica e baixos indicadores socioeconômicos. Foram analisadas características individuais dos médicos, incluindo formação e especialização. Técnicas de análise de sobrevivência, como as estatísticas de Kaplan-Meier e regressão de Cox, foram utilizadas para analisar o tempo desde a contratação até o desligamento dos médicos no serviço. Para avaliar a migração e o deslocamento dos médicos, foram utilizados métodos de geoprocessamento e georreferenciamento. Resultados: foram incluídos no estudo 1.378 médicos, dos quais 345 [9,4%(IC95%8,0%-11,1%)] permaneceram nos serviços da APS. O tempo médio e mediano até a ocorrência do desligamento foi de 2,14 anos (IC95%1,98-2,29 anos) e 1,17 anos (IC95% 1,05-1,28 anos). A probabilidade de desligamento foi de 45% no primeiro ano e 68% no segundo. Foram fatores independentementes associados ao desligamento do serviço: a jornada de trabalho de 40h/semanais HR=1,71 [(IC95%1,4-2,09), p < 0,001]; o salário inicial <= 1.052 BGI HR=1,87 [(IC95%1,64-2,15), p < 0,001]; o tempo de formação na graduação <= 2 anos HR=1,36 [(IC95% 1,18-1,56), p < 0,001]; e a conclusão da Residência Médica em até 3 anos após o desligamento HR=1,69 [(IC95%1,40-2,04), p < 0,001]. O estudo do deslocamento dos médicos apontou que, entre os desligados, 1.039 (83,2%) permaneceram no estado de São Paulo e, dentre estes, a maioria, 719 (69,2%), permaneceu na capital. As unidades de saúde e regiões do território do estudo apresentaram percentuais heterogênos de equipes de Estratégia Saúde da Família incompletas ou desfalcadas após desligamento de médicos da APS. Conclusões: o tempo de permanência dos médicos nos serviços da APS foi relativamente baixo, com elevada probabilidade de desligamento dos profissionais já no primeiro ano de atividade. Fatores como jornada de trabalho, salário inicial, tempo de formado na graduação e ingresso na Residência Médica impactaram no desligamento precoce. Fatores modificáveis explicam o fenômeno do desligamento precoce dos médicos em serviços de APS do Sistema Único de Saúde (SUS) de uma região periférica de uma megalópole; dessa forma, o estudo subsidia planejamento, gestão e implementação de politicas e estratégias voltadas à maior atração e fixação de médicos em regiões suburbanas, prioritárias ou desassistidas