Retornando à casa: o culto aos antepassados okinawanos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Konno, Samara
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100135/tde-29082016-121526/
Resumo: Este trabalho analisou o culto aos antepassados okinawanos Sosen Suuhai, procurando compreender seus significados à construção identitária dos okinawanos no Brasil. Para isso, as entrevistas e os dados de campo foram trabalhados sob duas perspectivas: 1. Uma histórica: que analisou as relações entre o governo e a sociedade brasileira, na Era Vargas, especialmente, durante o período do Estado Novo. 2. Uma de análise do culto baseada no animismo e xamanismo, cujos rituais de manipulação do corpo complementam os significados do Sosen Suuhai. Percebeu-se que a simbologia do corpo (sangue e sêmen) mostra-se concatenada à percepção de sagrado e profano no culto, que, por sua vez, repercute na distinção de papéis sociais a partir de dicotomia de gênero. Nesse caso, pode-se dizer que essa simbologia reflete a importância da patrilinearidade na sucessão do butsudan e a importância das mulheres na comunicação, tanto no sentido religioso, quanto na perpetuação da tradição e da memória familiar. Também foi possível notar que o pertencimento okinawano, movido pelo culto, opera a partir de dois pontos de vista: a religiosidade e a história. Em algumas famílias, o butsudan representa a comunicação com os ancestrais e as crenças no poder de influência deles na vida familiar. Em outras famílias, porém, o butsudan seria visto muito mais como um lugar da memória, reverência à historicidade dos ancestrais, o que coloca em evidência as especificidades okinawanas no processo de imigração ao Brasil. Essa forte presença da historicidade nos discursos dos interlocutores relaciona-se à construção de uma identidade okinawana no Brasil que busca exaltar suas características de expansão e alegria em contraposição às características de reserva e frieza dos japoneses. Essas diferenças, construídas no discurso identitário, foram lidas na baila da cultura, em que hábitos e costumes nativos passam a ser acionados como estratégia de afirmação e de reconhecimento do grupo na sociedade