Religiosidade em Ouro Preto no século XVIII: os signos africanos na igreja de Santa Ifigênia. Entre a norma e o conflito: espaços de negociação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Conceição, Nancy Nery da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/93/93131/tde-14102016-135512/
Resumo: A busca desenfreada pelo ouro em Minas Gerais, no século XVIII, resultou na edificação de uma cidade desordenada e sem recursos de abastecimento. Além disso, Portugal, proibindo a instalação das ordens primeiras, delegou às irmandades um papel central no desenvolvimento de uma religiosidade popular. Tendo em vista estas considerações, e partindo de uma leitura indiciária, este trabalho analisou as representações artísticas no interior da Igreja de Santa Ifigênia, em Ouro Preto, destacando a presença da cultura africana. Pois, acreditamos que as condições históricas e sociais favoreceram a instalação dessas representações, sobretudo, em função da consecução dessas congregações religiosas. É nesse cenário, portanto, que a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário foi constituída em 1718, abrigando brancos e negros e estabelecendo-se na freguesia de Antônio Dias. Posteriormente, em decorrência de desentendimentos que os apartaram, houve a reforma do estatuto em 1733, originando a Irmandade do Rosário dos Pretos de Santa Ifigênia do Alto da Cruz. Acreditamos que sua ornamentação foi orientada pelos devotos, uma vez que estas instituições, sobretudo, até 1733, possuíam certa autonomia na sua administração. Fato este que sustentou e motivou esta investigação. A presença maciça de africanos, num lugar isolado, exigiu um sistema de poder que era exercido menos pelo uso da violência e, mais, pelo uso e controle de valores religiosos. E é na brecha desse controle, ou seja, entre a norma e o conflito, que acreditamos, puderam surgir espaços de negociação, através dos quais, essas pessoas, em certa medida, mantiveram traços de sua matriz cultural.