Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1972 |
Autor(a) principal: |
Eiten, Liene de Jesus Teixeira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-143820/
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Resumo: |
As ciperáceas são plantas graminóides, cosmopolitas, encontradas dos trópicos até as regiões polares. Adaptadas a todos os tipos de habitats, de mata sombria úmida a campos secos e savanas, crescem, principalmente, em locais abertos de solo úmido como brejos, margens de cursos dágua e lagos. Há, na família, aproximadamente, 70 gêneros e 3.700 espécies. Registraram-se, para o Brasil, 35 gêneros dos quais 5 são monotípicos, e destes, 3 ocorrem somente no Brasil. Em relação as Gramínea e, as Cyperaceae são de importância econômica limitada. Algumas espécies, como Eleocharis dulcis Trin. e Cyperus esculentus L., possuem tubérculos comestíveis; várias outras são usadas na confecção de esteiras, cordas, chinelos, chapéus, cestas e, até mesmo, na de pequenas embarcações. No Antigo Egito preparava-se papel com medula de Cyperus papyrus L.; atualmente, nos países quentes, cultivam-se esta espécie e C. alternifolius L. como ornamentais. No norte da Europa, espécies do gênero Carex são plantadas em jardins. Em pastagens úmidas, as Cyperaceae são componentes importantes ou predominantes. Uma das espécies vulgarmente conhecida como tiririca, Cyperus rotundus L., é erva daninha de difícil erradicação em campos de cultura e jardins de regiões temperadas e quentes. Espécies dos gêneros Cyperus e Eleocharis são plantas daninhas frequentes em campos de arroz de brejo. Há, também, várias espécies de uso medicinal. Discute-se a morfologia das inflorescências da família Cyperaceae em geral. Redescrevem-se, com amplas ilustrações, os tipos de seis espécies brasileiras raras cujas descrições originais são incompletas ou incorretas. O conhecimento da morfologia destas espécies trouxe novos conceitos de importância na subdivisão da família. Atualmente, Cyperaceae e Gramineae não são consideradas estreitamente relacionadas apesar da semelhança superficial de seus hábitos e de suas unidades de inflorescência serem chamadas espículas. Essas unidades, entretanto, são completamente diferentes. As duas famílias também divergem em tipo de fruto e em muitos caracteres anatômicos. Hoje, as Cyperaceae constituem a ordem das Cyperales, sendo sua única família. Antigamente, as Cyperaceae foram consideradas derivadas das Liliales através das Juncaceae. Holttum (1948) achou que as Cyperaceae vieram das Pandanales. De acordo com Thorne (1963), Cyperaceae e Juncaceae são relacionadas mas, não têm afinidade com as Liliaceae. Metcalfe (1971) também afirma, com base em anatomia, que Cyperaceae, Juncaceae e Gramineae não têm parentesco com as Liliaceae. Apresentam-se, com críticas, as subdivisões da família Cyperaceae em subfamílias e tribos propostas por vários autores como: Nees (1834), Bentham (1883), Pax (1886), Clarke (1901), Hutchinson (1959), Koyama (1961) e Scrultze-Motel (1964). Inclui-se uma lista das espécies de Cyperaceae tratadas por Nees (1842) na monografia da família apresentada na Flora Brasiliensis de Martius com a atualização dos nomes da maioria das espécies. Na Parte VI, oferece-se nova classificação das últimas unidades da inflorescência (espícula) das Cyperaceae, baseada em seus padrões de ramificação e sexo das flores. Distinguem-se seis grupos: Grupo I. Espículas típicas, com flores verdadeiras laterais, como nas Cypereae, Scirpeae e Rhynchosporeae. As espículas dos gêneros Ascolepis, Hemicarpha e Lipocarpha são consideradas relacionadas com as de Cyperus sect. Kyllinga e pertencentes a este grupo. Grupo II. Pseudantos em pseudo-espículas, característica das Mapanieae. Grupo III. Flores femininas constituídas de um pistilo, aparentemente terminal, no ápice de um eixo que traz, lateralmente, espículas masculinas de flores monândricas. Colocam-se, neste grupo, os gêneros Becquerelia, Diplacrum, Bisboeckelera e Calyptrocarya. Grupo IV. Espículas compostas formadas de espículas simples, unissexuadas. Dispõem-se, neste grupo, Coleochloa, Trilepis, Afrotrilepis e Microdracoides das Lagenocarpeae. De acordo com observações feitas em determinadas coleções examinadas, conclui-se que as flores femininas das Lagenocarpeae são laterais e não terminais como afirmado por Pax (1886),Schultze-Motel (1964),Koyama e Maguire (1965) e Koyama (1969). Grupo V. Espículas verdadeiras, simples, unissexuadas. Este grupo inclui os demais gêneros das Lagenocarpeae. Nestes gêneros, as flores femininas também são laterais, em face de provas encontradas em alguns exemplares examinados. Grupo VI. Espículas bissexuadas com flor feminina basal envolta em prófilo invaginante ou utriculiforme e flores masculinas na parte distal da mesma raquilha; ocorrem, também, inflorescências com dois tipos de espículas, femininas e masculinas. Neste grupo estão os gêneros das Cariceae. Gêneros que não se enquadram nesses grupos, por falta de completo conhecimento de suas estruturas, como Scleria por exemplo, são discutidos. Sustenta-se a ideia de que em Scleria a flor feminina é lateral e não terminal como acreditam muitos autores. Tipos de oito taxons de ciperáceas brasileiras, publicadas por C. Wright, Pfeiffer e Süssenguth foram estudados, pormenorizadamente, e redescritos com ampla ilustração. Interpretações morfológicas errôneas são esclarecidas e apresentadas novas decisões taxonômicas. Confirma-se a validade de Syntrinema brasiliense como novo gênero e espécie e considera-se-o pertencente à tribo das Mapanieae, provavelmente constituindo nova subtribo. Na publicação original, a descrição e ilustrações das unidades de inflorescência foram baseadas em material pertencente a outro gênero. A descrição constante neste trabalho é a primeira completa para a espécie. Mostra-se que Chamaegyne pygmaea é uma espécie de Eleocharis ser. Tenuissimae. É uma das espécies de Eleocharis que pode apresentar flores unissexuadas. As lâminas formando roseta na base da touceira não são folhas vegetativas como Süssenguth descreveu mas, glumas de espículas basais. Prova-se que Helonema estrelense é um hábito aquático de Eleocharis mínima. Os tipos da espécie foram coletados de plantas que cresceram submersas; seus caules são filamentosos, longos, formando nas extremidades verticilos de novos caules, lembrando certas espécies aquáticas de Eleocharis. Muitas de suas flores foram reduzidas a formas unissexuadas, predominando a masculina. Planta topotipo cultivada submersa manteve a forma vegetativa de Helonema e permaneceu estéril. Quando cultivada emersa, formou pequenas touceiras eretas, de caules mais curtos e mais grossos, produzindo numerosos aquênios maturos: planta típica de Eleocharis mínima. Ficou esclarecido que Bisboeckelera paporiensis e Diplacrum longifolium; o pistilo não é contido em utrículo, órgão característico de Bisboeckelera, mas apenas envolvido por duas escamas contrapostas e livres como é em Diplacrum. Sussenguth, mesmo notando que as escamas eram livres, não percebeu que a planta estudada pertencia ao gênero Diplacrum; identificou-a como Bisboeckelera e estabeleceu a nova seção Bibractearia. O exame de um capítulo mostrou vários padrões de ramificação das unidades da inflorescência e não somente a estrutura até agora descrita para Diplacrum: eixo terminando em um pistilo e tendo duas espículas masculinas laterais. Essas observações mostram que, em Diplacrum, a unidade de inflorescência não é uma estrutura invariável. Confirma-se Micropapyrus viviparoides como gênero e espécie independentes; pertence à tribo Mapanieae por ter pseudantos e não à Rhynchosporeae como propôs Süssenguth. As duas variedades de Websteria submersa propostas por Süssenguth não são aceitas. Seus tipos não mostram diferenças suficientes para nítida separação de variedades. Apresenta-se uma lista de vinte e quatro conclusões sobre morfologia da inflorescência e decisões taxonômicas. |