O microambiente no linfoma de Hodgkin: um estudo sobre as subpopulações de células T e macrófagos em neoplasias EBV positivas e negativas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lopes, Ana Claudia Frota Machado de Melo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-28102021-122926/
Resumo: Introdução e justificativa - O linfoma de Hodgkin (LH) é uma neoplasia de células B peculiar por ser composta por apenas 1% de células neoplásicas (CN), com um microambiente tumoral (MAT) rico em células inflamatórias (CI). No contexto da oncologia atual, onde novas propostas terapêuticas se voltam para a modulação do sistema imune do hospedeiro, o LH se constitui em um excelente modelo para esse tipo de investigação. Dois aspectos merecem destaque na abordagem do MAT nessa doença: os mecanismos imunes que possam operar de forma diferente nos casos de LH-EBV positivos e negativos, e possíveis diferenças no MAT imediatamente vizinho às CN, e aquele das áreas distantes das mesmas, onde CI passam a interagir entre si. Objetivos: Este estudo se propõe a avaliar as subpopulações de linfócitos T, com especial interesse nas células TFH e TREG, linfócitos B e macrófagos, além de outras CI (eosinófilos, neutrófilos e plasmócitos), em áreas próximas e distantes às CN de pacientes portadores de Linfoma de Hodgkin clássico (LHC) EBV positivos (EBV+) e negativos (EBV-) e sua relação com o comportamento clínico da doença. Casuística e métodos: Foram avaliadas biópsias de linfonodos ao diagnóstico de 146 pacientes portadores de LHC diagnosticados e tratados no HC- FMUSP/ICESP (2004 a 2014). Três áreas próximas (AP) e três áreas distantes (AD) das células de Hodgkin e/ou Reed Sternberg (HRS) de cada caso foram representadas em microarranjos teciduais (TMA). As subpopulações de linfócitos e macrófagos foram identificadas através de marcadores imuno-histoquímicos (anti-CD20, CD3, CD4, CD8, CXCR-5, Bcl-6, PD-1, FoxP-3, CD163 e CD68), e as demais populações celulares, fibrose e necrose, avaliados na coloração de H&E. A pesquisa do EBV nas CN foi realizada pela Hibridização in situ (EBER) e imuno-histoquímica (anti-LMP1). As áreas imunomarcadas para os seguintes anticorpos - anti-CD20, CD3, CD4, CD8, CD163 e CD68 - foram quantificadas através de análise de imagens e expressas como % da área total avaliada; os anticorpos CXCR-5, PD-1 e FoxP-3 foram quantificados por número de células positivas em 10 campos de grande aumento (x400). As demais populações de CI (neutrófilos, eosinófilos e plasmócitos), assim como a fibrose, foram semi- quantificadas visualmente (0-3+). Testes estatísticos foram aplicados para avaliar a associação dos resultados obtidos entre os marcadores estudados e os seguintes parâmetros: status EBV, idade, sexo, subtipo histológico do LH, estádio ao diagnóstico, sintomas B, refratariedade, recidiva e óbito pela doença. Resultados: Os principais resultados mostraram que: 1) Pacientes com LHC- EBV+ são em média uma década mais velhos do que os EBV-, apresentam-se mais frequentemente em estádios avançados, e constituem cerca de ¾ dos casos do subtipo histológico celularidade mista (CM). 2) A presença do EBV no LH está associada a mudanças na composição do MAT. 3) A presença do EBV no LHC se acompanhou da presença de maior contingente de células T citotóxicas (CD8+) e menor contingente de células T auxiliadoras (CD4+) e de sua subpopulação de células TREG (FoxP-3) e TFH (CXCR-5). 4) Por sua vez a maior proporção de células TREG associou-se a variáveis clínicas de doença menos agressiva (estádios precoces e ausência de sintomas B). 5) As populações globais de células T (CD3) e B (CD20) parecem exercer um papel protetor do sistema imune do hospedeiro, enquanto a maior população de histiócitos (CD163 e/ou CD68+, AP e AD) associou-se a presença do EBV e a estádios mais avançados da doença. 6) Menor proporção de eosinófilos e neutrófilos foi observada nos casos EBV-. 7) A fibrose foi mais acentuada nos casos EBV negativos e nos estádios precoces da doença. Com base nos achados acima, conclui-se que o microambiente do LH associado ao EBV se caracteriza por uma resposta predominantemente histiocitária e T citotóxica, em detrimento da resposta T auxiliadora e seus componentes (células TREG e TFH). Essas informações podem ser relevantes no desenho de estratégias terapêuticas dirigidas ao MAT, considerando-se o status do EBV associado a doença