O fratricídio na estepe: as revoltas cossacas nas obras de Nikolai Gógol e Henryk Sienkiewicz

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Gradella, Bruno Baptistella
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8155/tde-02122019-155317/
Resumo: Ao longo do século XIX o nacionalismo emerge, reiteradas vezes, como matéria central das produções intelectuais e artísticas em grande parte das nações do mundo. Nesse sentido, tanto as nações que já compunham o corpo dominante em um Estado, quanto as que lutavam por sua independência, buscaram elementos de seu passado e de sua cultura para construir o respectivo ideário nacional. Dentro desse panorama, surge na literatura um canal de manifestação e de promoção desses ideais. Entre os eslavos os movimentos sempre reconheceram uma ancestralidade comum, porém buscaram encontrar, ao longo de suas reflexões, particularidades que explicassem e salientassem as diferenças entre cada um deles. E é nessa busca que a temática cossaca aparece. A presença e o comportamento de um grupo eslavo que se configurou à parte de qualquer organização estatal e como ele reagiu quando foram feitas tentativas de alocá-lo dentro de um ou outro país, permeou o imaginário popular e ofereceu farto material à construção de romances. A análise das duas obras selecionadas, Tarás Bulba, de Nikolai Gógol, e A Ferro e Fogo, de Henryk Sienkiewicz, procurará estudar, sob a perspectiva do comparatismo literário, como a imagem do cossaco se faz presente nos respectivos textos. O diálogo entre literatura e história permite acompanhar a participação ativa de autores e obras em contextos histórico-culturais específicos, mas inter-relacionados. O recorte observacional da pesquisa foi selecionado devido à temática das revoltas cossacas contra a Comunidade das Duas Nações, sendo o papel de cada lado dos beligerantes sendo apresentado de formas distintas e por vezes antagônicas em suas respectivas obras. Seja por recepção, seja por oposição, a figura do cossaco cumpriu papel fundamental na formação imagética do ideal do caráter nacional de Rússia, Ucrânia e Polônia. Observou-se que não só a temática das revoltas cossacas liga uma obra à outra. Efetivamente, vários aspectos do discurso se fazem presentes em ambas as obras, tais como: o reconhecimento de uma origem comum entre os povos eslavos envolvidos no combate; como cada autor, encarnando o discurso de um dos povos, descrevia o outro como um irmão que havia se desgarrado do verdadeiro caminho, tomando atitudes equivocadas; a dedicação à descrição dos costumes e das paisagens feitas por ambos os escritores; além de vivacidade para denotar os momentos de violência. No entanto, como se cada uma representasse um lado da moeda, o telos de cada obra aponta para sentidos diferentes.