A linguagem das invocações nos Papiros Gregos Mágicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Cardoso, Patrícia Schlithler da Fonseca
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8143/tde-02012024-135319/
Resumo: O presente trabalho explora a linguagem das invocações dentro do corpus dos Papiros Gregos Mágicos (PGM). Os PGM são uma coletânea de textos mágicos encontrados no Egito, que datam do século II a.C. ao século VI d.C, especialmente no intervalo dos séculos II d.C. a IV d.C. Neles, encontramos diversos manuais de magia, com descrições detalhadas dos rituais e encantamentos utilizados, nos quais é possível identificar um sincretismo pós-clássico marcante com grande influência egípcia. As invocações são uma parte importante desses encantamentos: para requisitar o auxílio de uma divindade, é necessário captar sua atenção em primeiro lugar. Além de identificar a divindade, as invocações servem ainda para louvá-la, destacando seus atributos e qualidades. Como invocação, consideramos aqui toda linguagem utilizada para estabelecer contato com um deus em um encantamento. A partir disso, dividimos a linguagem da invocação em duas grandes partes: elementos nominais e verbais. Partindo da leitura dos textos originais, identificamos os principais recursos nominais utilizados nos textos, como nomes, epítetos, palavras mágicas (voces magicae) e compostos nominais. Por sua vez, os elementos verbais, selecionados a partir da leitura do texto original e analisados com o uso de ferramentas de busca textual do Thesaurus Linguae Graecae, foram divididos em verbos imperativos (\"vem!\", \"ouve!\") e verbos declarativos (\"eu chamo\", \"eu invoco\"). Como eixo de reflexão e análise, utilizamos a oposição entre magia vs. religião a partir de uma abordagem ética, ou seja, baseada em estudos que definem os dois conceitos de forma externa a uma cultura específica, no caso, a dos praticantes de magia da época. Tal abordagem opõe a atitude manipulativa da magia, coercitiva, à atitude propiciatória da religião, ligada à súplica. A análise da linguagem utilizada nas invocações desse conjunto de textos mágicos indica, na verdade, uma postura muito mais propiciatória do que coercitiva, ou seja, próxima do que seria esperado na religião. Desta forma, os resultados da pesquisa indicam que a linguagem dos PGM, embora também contenha elementos coercitivos, é majoritariamente laudatória ao se dirigir aos deuses.