Situação de saúde e nutrição das crianças do Programa de Vigilância do Recém-Nascido de Risco no município de Santos - SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1996
Autor(a) principal: Vasconcelos, Ana Claudia Cavalcanti P. de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6133/tde-08102024-173228/
Resumo: O presente estudo teve como objetivo investigar as condições de saúde e nutrição das crianças do Programa de Vigilância do Recém-nascido de Risco (RNR) no município de Santos - SP, nos dois primeiros anos de vida. Através de dados coletados das fichas de rotina e dos prontuários, foi acompanhada retrospectivamente, de 01 de Janeiro de 1992 à 31 de Dezembro de 1994, uma coorte de 701 crianças, sem grupo controle. As variáveis independentes pesquisadas foram: idade (média) em cada acompanhamento, peso ao nascer, renda familiar per capita, critério de risco para inclusão no RNR, idade na ocasião da inclusão e do desligamento do RNR, condição no desligamento (eutrófico, desnutrido e/ou doente) do RNR, motivo do desligamento do RNR, período de permanência no RNR, preenchimento do gráfico do crescimento e desenvolvimento e número de atendimentos. As variáveis dependentes estudadas foram o estado nutricional infantil, que foi analisado nos quatro acompanhamentos, através do indicador peso para idade, medido em percentil e a evolução nutricional (ganho de peso) entre esses acompanhamentos, medida através do incremento de escore Z. O RNR tem o objetivo de controlar a saúde das crianças menores de um ano com alto risco de óbito, identificadas logo após o nascimento (na maternidade ), nas Unidades de saúde ou pela internação hospitalar, através dos critérios: peso ao nascer menor que 2500g, mal formação congênita, mãe HIV positivo, gravidez manifestamente indesejada, prematuridade, chefe de família desempregado, dois ou mais irmãos menores de quatro anos, mãe sem companheiro, renda familiar per capita menor que 0,75 salário mínimo, peso ao nascer entre 2500 e 2750g e se a criança permaneceu internada após a alta materna. Dos resultados obtidos, destacam-se: aspectos relativos ao RNR, como a precocidade na inclusão das crianças, a idade mediana do desligamento de 7,6 meses, o período mediano de permanência das crianças de 7,5 meses, a média satisfatória de atendimentos nos primeiros seis meses (8,5 e desvio-padrão de 3,2), os motivos responsáveis pela maioria dos desligamentos (idade, eutrofia e alta médica) e a elevada proporção de sucesso do ponto de vista da evolução nutricional (83,8%) nos seis primeiros meses de idade. Ressalta-se também a associação entre o baixo peso ao nascer e a desnutrição severa subsequente, o que demonstra que, o RNR não conseguiu estimular um \"catch-up\" no crescimento infantil a ponto de reverter a desvantagem inicial do peso ao nascer insatisfatório. Esses resultados indicam que o programa estaria captando precocemente e acompanhando a maioria das crianças até pelo menos os seis meses de idade, provocando repercussões positivas no crescimento infantil nesse primeiro semestre de vida. Por outro lado, desse período em diante, o acentuado decréscimo observado na média de atendimentos, o insatisfatório desenvolvimento da monitorização do crescimento, com a detecção de falhas no registro do peso e no preenchimento do gráfico do crescimento e a deterioração do desempenho do crescimento físico sugerem que, visto que aí a maioria das crianças foi desligada do RNR, tanto as ações de saúde estariam menos intensivas, como o próprio comportamento esperado do crescimento infantil numa população de baixo nível sócio-econômico, no qual as falhas são mais frequentes a partir do segundo semestre de vida, poderia estar contribuindo para tais resultados. Sugere-se a reprodução dos esforços dirigidos no primeiro semestre de vida pelo RNR, na prestação das ações de saúde para as crianças egressas do programa, até pelo menos os dois anos, através de uma política que integre as ações de saúde e nutrição, na tentativa de se buscar a tão almejada \"qualidade da sobrevivência\" infantil.