Territorialização do setor de celulose e a pedagogia politica da dominação burguesa: a atuação da Fibria/Suzano em Mato Grosso do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Bersani, André Ricardo dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-05102022-140529/
Resumo: Em um contexto de transformações no movimento de acumulação capitalista, especialmente pós-crise financeira de 2008, cujos efeitos aprofundaram o padrão exportador de especialização produtiva da economia brasileira, assistiu-se, no início deste século, a construção das duas maiores fábricas de celulose do mundo no estado de Mato Grosso do Sul: a Fibria-MS Celulose e a Eldorado Brasil. Uma década depois do início das operações da Fibria em 2009, o estado se tornou o principal exportador de celulose do país e responsável por 22,2% da produção nacional, sendo que, para suprir a demanda por matéria prima, durante o referido período, a área plantada com eucalipto, no estado, foi de 290,8 mil para 1,1 milhão de hectares. Essa expansão tem deixado diferentes grupos sociais, que vivem no/do campo, ilhados em meio aos plantios de eucalipto. Diante desse cenário, a presente tese teve como objetivo compreender o processo de territorialização do setor de celulose na porção Nordeste do estado de Mato Grosso do Sul, com ênfase na intervenção político-ideológica realizada pela Fibria nas diferentes frações do território por meio de programas e projetos socioambientais implementados nas comunidades localizadas no entorno das áreas com plantios de eucalipto da empresa. Para tanto, buscou-se analisar, neste processo, o papel desempenhado pelo Estado (via BNDES e fundo público) e pela sociedade civil empresarial (via institutos e fundações), além dos aspectos ideológicos, políticos e econômicos ligados à intervenção da Fibria e seus respectivos desdobramentos sobre os sujeitos por ela atingidos. A pesquisa teve como recorte histórico-analítico e político-econômico os governos petistas, período no qual o setor de celulose ampliou a escala de suas operações, expandindo-se para novas áreas situadas, principalmente, no interior do país, como é o caso sob análise. Dessa forma, também foi realizado um esforço teórico-metodológico com a finalidade de compreender a economia política desses governos, isto é, as transformações político-econômicas conjunturais ocorridas no âmbito do Estado e da sociedade civil, bem como as alianças e os conflitos de classes. Os resultados alcançados pela pesquisa permitem defender a tese de que a expansão do setor de celulose no estado analisado, nesse início de século, viabilizou-se por meio de uma forma de dominação de classes com bases socioterritoriais - resultante de um período marcado pela consolidação da hegemonia burguesa neoliberal no Brasil - que, apesar de combinar o uso da força com a (re)produção de consensos, teve como elemento predominante e essencial a educação das classes subalternas para o consenso frente a tal processo. Por fim, é importante destacar que esse consenso não significou a harmonização das relações sociais de produção, nem a redução de seus impactos socioambientais e territoriais, pelo contrário, permitiu ao setor se expandir para novas áreas, ampliando e intensificando os processos de expropriação e exploração/degradação da natureza.