O centro pulsa\", o centro expulsa: sobre a rualização de crianças e adolescentes no Centro de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Camargo, Gabriela Milaré
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-13112019-173349/
Resumo: O presente estudo tem como objetivo apresentar, discutir e ressignificar o conceito de rualização a partir de contribuições do campo da Psicologia Ambiental, tomada em sua dimensão interdisciplinar, conjugada às perspectivas histórico-cultural e socioeconômica. De maneira a contextualizar o tema da pesquisa, utilizamos experiências da pesquisadora no centro da cidade de São Paulo com crianças e adolescentes em situação de rua atendidos no Espaço de Convivência para Crianças e Adolescentes (ECCA) Moinho da Luz, entre os anos de 2015 e 2016. De maneira complementar, realizamos um breve mergulho histórico, e recapitulação da formação do centro de São Paulo, relembrando de aspectos urbanísticos discutidos à luz da noção de direito à cidade. Utilizando como eixo de discussão as especificidades do espaço da rua brasileira, desenvolvemos a problemática condensada na noção de territorialização precária, a qual aponta para um problema ético-político vinculado às dinâmicas de violenta expulsão de territórios e marginalização da parcela expressiva da população brasileira. Em seguida, desenvolvemos uma reflexão acerca do uso de multimétodos no pesquisar na rua, metodologia construída de forma reflexiva a partir da abertura do/a pesquisador/a ao objeto de seu interesse, a experiência psicossocial de rualização de crianças e adolescentes, ou ainda, como proposto, de um território. Tais elaborações metodológicas são oferecidas como resultado de pesquisa, e tem como eixos de discussão: a) a inserção no trabalho de campo por meio da constituição de vínculos e de parcerias; b) a postura de deriva no trabalho de campo; d) a assunção da posição de sujeitos históricos, tanto do/a pesquisador/a quanto dos participantes do trabalho de campo, e, por consequência, e) dos afetos como elementos analíticos; f) o diálogo entre as temporalidades e epistemes da universidade e da rua; e g) o uso da escrita narrativa. Por fim, enriquecidos por essas reflexões metodológicas, discutimos o fenômeno da infância e adolescência rualizadas , e apontamos para a sobreposição da marginalização ocorrida no caso da infância e juventude nas ruas, que além de não representados nos espaços de disputa política, são reiteradamente compreendidos por estigmas construídos sobre a juventude das classes pobres (e negras) há séculos. Dessa maneira, esperamos ter contribuído para uma perspectiva crítica e interdisciplinar de futuros estudos e políticas públicas que trabalhem junto a essa população, e para que o fenômeno da rualização deixe de ser prioritariamente entendido como caso de segurança pública, e passe a ser compreendido como uma dimensão de nossa cidadania