Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Favaretto, Bruno Garcia Simões |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47135/tde-10082015-123120/
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Resumo: |
A urina é importante na comunicação olfativa de mamíferos, especialmente em roedores: apresenta baixo custo e contém metabólitos potencialmente informativos. Possibilita que o receptor avalie características do emissor (p. ex. espécie, sexo, idade, status de dominância e de saúde, receptividade sexual e o tempo da emissão) a partir da urina encontrada. O balanço hídrico, no entanto, pode ser desvantajoso com o uso da urina na marcação por animais de ambientes xéricos e quentes, já que existe um tradeoff entre o volume de água acessível/ingerido e o emitido na micção/marcação, com pressão seletiva a favor da economia hídrica. Nestes casos pode ocorrer redução na emissão de volume com consequente limitação do uso da marcação por urina. Trinomys yonenagae (Rocha, 1995) (Rodentia, Echimyidae) é altamente afiliativa, endêmica da Caatinga, e pertencente a um gênero de ancestral silvícola, cuja maioria das espécies apresenta fidelidade a ambientes florestados. Produz urina de média osmolaridade e de volume semelhante ao de espécies silvícolas do gênero, embora viva em um paleodeserto de temperatura elevada. Nesse contexto hipotetizamos que T. yonenagae faz uso de marcação por urina, uma estratégia importante para roedores sociais, explorando favoravelmente a restrição filogenética (produção de urina de média osmolaridade) imposta por sua ancestralidade. O padrão de deposição de urina e de fezes de T. yonenagae (n=10) e da espécie-irmã, Trinomys setosus (n=10), de ambiente florestado, foi visualizado sob luz ultravioleta (UV), em sessões individuais (24h), em gaiolas-padrão (40x33x16cm), forradas com papel de filtro. O mesmo procedimento foi usado nas investigações posteriores - a quantificação do número de fezes e das marcas de urinas, com estimativas do volume de marcação (VUt=L total/sessão e L/marca) - em T. yonenagae pré-pubertal (32 a 76d, n=10) e em adultos (um a 11 anos, n=21), de ambos os sexos, em sessões (10min) individuais e em contexto social. Nesse caso os rabos-de-facho adultos foram pareados em compartimentos adjacentes (caixa de 40x30x26cm), com um coespecífico de mesmo sexo, conhecido e desconhecido, e de sexo oposto, desconhecido. Qualitativamente as espécies-irmãs apresentam padrão de disposição de urina semelhantes, provavelmente herdados do ancestral silvícola comum. Há depósitos de dois tipos: marcas grandes, nos cantos da gaiola, e marcas pequenas, distribuídas na área central. Em T. yonenagae, as marcas grandes (VUt=3,00-750,00L, 6,67±4,30% do volume urinário diário), correlacionam-se significativamente (Pearson=0,41; sig.<0,00) com a deposição de fezes, sugerindo deposição de latrina; o VUt das marcas pequenas é de 0,01 a 0,05L. O número de marcas pequenas mais elevado, entre os sujeitos que urinaram, foi de quando pareadas com conhecidas (ANOVA um fator, F=3,70 sig.<0,00), sugerindo coesão social em , e associado a um pequeno investimento hídrico. Observou-se também depósitos de secreções da Glândula Harderiana (GH), que não se correlacionaram com nenhuma das variáveis analisadas. Não ocorreram diferenças estatisticamente significantes nas demais comparações feitas. Em condição solitária, 80% dos indivíduos adultos marcaram (latência <5min), enquanto que o grupo de 26-41d apenas dois sujeitos marcaram. O VUt correlacionouse com a idade positivamente (Pearson=0,64; sig.=0,05), entre os indivíduos jovens, e negativamente entre os adultos (Pearson=-0,39; sig.<0,00), o que sugere que a marcação por urina possa ser hormônio-dependente, como ocorre em outras espécies de roedores. A limitação ao acesso à água no ambiente natural dos rabos-de-facho parece não ter se sobreposto aos fatores de ancestralidade e comunicação social na modulação do comportamento de marcação por urina em T. yonenagae, especialmente para fêmeas que ocupam papel diferenciado na hierarquia social do grupo. O trabalho também salienta a ausência de hierarquia linear nos rabos-de-facho, como anteriormente relatado, e evidencia a presença de atividade da GH, abrindo nova linha de estudos fisiológicos e comportamentais dessa glândula em ratos-de-espinho |