Cozinhando mudanças: os significados do ato de cozinhar para mulheres de um Grupo de Agricultura Urbana da zona leste da cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Rigote, Gabriela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-07022022-205337/
Resumo: Introdução: O ato de cozinhar envolve diversos símbolos e significados, sendo uma prática social legítima que pode ser vista como um espaço criativo do cotidiano. Esse ato pode englobar dimensões culturais, ambientais, sociais, econômicas e políticas, sendo um espaço promissor para promoção de diálogos, aprendizados e transformações. Junto a isso, compõe um dos princípios do Marco de Educação Alimentar e Nutricional e é recomendado pelo Guia alimentar para a população brasileira, como uma ação que deve ser valorizada e um passo para se ter uma alimentação saudável. Sendo assim, o ato de cozinhar corrobora com o cumprimento de agendas públicas, o que justifica o desenvolvimento deste estudo. Objetivo: Compreender os significados do ato de cozinhar para as mulheres de um grupo de agricultura urbana (GAU), da zona leste da cidade de São Paulo e entender a relação que estabelecem entre o ato de cozinhar e suas atividades agrícolas. Métodos: O método utilizado foi os mapas corporais narrados, o qual faz uso de desenho, pintura e outras técnicas baseadas na arte, junto a narrativas orais, para representar aspectos da vida das pessoas e também do mundo em que vivem. Participaram do estudo sete mulheres que compõem o grupo Mulheres do GAU, as quais desenvolvem ações relacionadas à agricultura e ao cozinhar. Os dados gerados foram analisados por meio de análise temática. Resultados: Os resultados são apresentados em duas partes. Parte I: apresentação dos sete mapas corporais narrados construídos. Parte II: apresentação dos resultados e discussão, agrupados em três temas: (I) Os ingredientes do trabalho coletivo, que aborda a relação do cozinhar com o afeto, a fé e as tradições e origens das Mulheres do GAU; (II) O preparo de mesas fartas, no qual se discute a relação das atividades dessas mulheres com a troca e a produção de conhecimentos, junto às transformações que essas práticas geram em suas vidas; (III) Servindo e compartilhando as preparações, que aborda as conexões do ato de cozinhar com a prática de agricultura urbana e como essas atividades se relacionam com o entorno onde vivem e os sistemas alimentares. Conclusão: A partir dos resultados analisados, entende-se que o cozinhar, para as Mulheres do GAU, é uma atividade que engloba mais do que técnicas e habilidades, resgatando, por meio de sua prática, a ancestralidade e a cultura dos envolvidos. O cozinhar proporcionou mudanças em diferentes áreas das vidas dessas mulheres, como em relação aos hábitos alimentares e situação financeira. Também estabeleceu relações com a comunidade onde vivem e outros contextos, além de ser um conector do campo à mesa, fortalecendo as atividades de agricultura que realizam. Nesse sentido, o cozinhar traz a comida para o centro das discussões, oferecendo a oportunidade de aprender e discutir assuntos relacionados aos temas citados acima, como identidade cultural, valorização de conhecimentos e sistemas alimentares sustentáveis. O ato de cozinhar pode ser, então, uma ação propícia para promover saúde no seu sentido mais amplo, contemplando o bem-estar biopsicossocial em consonância com questões de sustentabilidade social, econômica e ambiental.