Cozinhar é um ato político? O cozinhar doméstico como ativismo alimentar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Machado Filho, Onaldo Luis Brancante lattes
Orientador(a): Portilho, Maria de Fátima Ferreira lattes
Banca de defesa: Portilho, Maria de Fátima Ferreira lattes, Colomé, Felipe da Luz lattes, Barbosa, Livia lattes, Schubert, Maycon Noremberg
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/19207
Resumo: Esta dissertação analisa de que forma a politização da alimentação, no contexto do ativismo alimentar, se traduz em mudanças nas práticas do cozinhar doméstico. Frente ao discurso de que “cozinhar é um ato político”, promovido por ativistas com a intenção de politizar as práticas alimentares e, especificamente, o cozinhar, a pesquisa discute como o processo de politização gera transformações em torno desta prática, bem como as limitações e ambiguidades deste processo. Para tanto, foi mobilizada a literatura sobre consumo político, ativismo alimentar e Teoria das Práticas. Ao considerar o cozinhar como uma prática social, a pesquisa tem por objetivos: (a) analisar quais estratégias do consumo político são mobilizadas por ativistas alimentares no conjunto arranjado de práticas associadas ao cozinhar; (b) investigar como os elementos que constituem a prática do cozinhar e as relações entre os mesmos vêm sendo afetados pelos processos de politização; (c) compreender de quais maneiras os ativistas alimentares se relacionam com e contribuem para transformar convenções de normalidade em torno do cozinhar politizado "apropriado" e, ainda, (d) mapear as possíveis mudanças na temporalidade do cozinhar que emergem deste processo. Com o intuito de atingir os objetivos propostos, foi realizada uma Revisão Bibliográfica Sistemática e um trabalho de campo qualitativo, por meio de entrevistas semiestruturadas, observação direta e questionários, no qual o cozinhar doméstico de ativistas alimentares foi o objeto sociológico. Foram selecionados, como informantes, indivíduos que se identificassem enquanto ativistas alimentares, que vocalizassem discursos de politização do cozinhar e que fossem a principal pessoa a preparar as refeições semanais em seu núcleo familiar. Os resultados apontam modificações nos elementos que constituem o conjunto arranjado de práticas em torno do cozinhar doméstico, como as regras, os entendimentos, a estrutura teleoafetiva e os arranjos materiais. Foi proposta uma tipologia de quatro variações do cozinhar politizado “apropriado”, a saber: (i) para difundir o cozinhar; (ii) para difundir o veganismo; (iii) por priorizar a origem dos ingredientes; e (iv) para reduzir o desperdício. Essa tipologia foi elaborada a partir de uma análise praxiológica, na qual a prática é interpretada como uma propriedade emergente, não sendo um atributo individual, mas uma forma de engajamento social. Outras dimensões foram analisadas, tais como as ações de consumo político, indicativos de construção de normatividades em torno do cozinhar politizado e a temporalidade das práticas alimentares de ativistas.