Mudanças no uso da terra e nos modos de vida de assentados rurais no Alto Xingu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sant'Ana, Gustavo da Cunha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-09082017-172336/
Resumo: Historicamente, a produção agropecuária na Bacia Hidrográfica do Alto Xingu esteve voltada aos grandes mercados. Nas últimas décadas, observa-se uma importante mudança no uso da terra, dada pela expansão do cultivo de grãos para exportação (como soja e milho) em detrimento das áreas de pastagens. A transição do modo de produção na região atinge inclusive os pequenos produtores e assentados rurais, a despeito da limitação de terras para a produção em grande escala e de sua vulnerabilidade socioeconômica. Especial atenção é dada aos assentados rurais devido às peculiaridades relacionadas à ocupação territorial, as quais acabam por diferenciar a dinâmica de uso da terra, o que afeta, sobretudo, os seus modos de vida. Diante desta problemática, este estudo objetiva identificar as diferentes variáveis que contribuem para o atual contexto de mudança no uso da terra em um assentamento rural localizado no município de Água Boa (MT) e como este fenômeno se relaciona com a manutenção ou não dos modos de vida dos assentados. Os dados foram coletados a partir de entrevistas abertas, não estruturadas e em profundidade em quarenta domicílios rurais. Resultados mostram que a mudança no uso da terra pela expansão do cultivo de grãos ocorre no assentamento da mesma forma que o observado na paisagem da região do Alto Xingu. A mudança do uso da terra no P.A. Jaraguá está vinculada a uma tentativa de superar limitações produtivas, como pastagens degradadas, dificuldades de acesso à água e a capital financeiro para investimentos na produção agropecuária. Como consequência, a área destinada ao cultivo de grãos tem substituído as pastagens e o arrendamento e a comercialização de lotes rurais têm sido estimulados para que este novo modo de produção seja viabilizado, pelo menos em curto prazo. Assim, a expansão da agricultura intensiva de grãos e os efeitos do aumento generalizado dos preços das terras agricultáveis são importantes drivers na tomada de decisão dos assentados sobre o uso da terra. Os resultados apontam que esse contexto é estruturado por (ao mesmo tempo em que também estrutura) novos modos de vida no assentamento, caracterizados por fenômenos socioeconômicos como o envelhecimento rural, a maior participação da aposentadoria e da prestação de serviços (agropecuários ou não, formais ou informais) na geração de renda família e o êxodo rural.