Eolianitos Quaternários do Nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Espinel Arias, Valentina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-15032021-104433/
Resumo: A costa do Nordeste do Brasil encontra-se sob influência dos ventos que sopram para a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e que têm favorecido a formação, no Quaternário tardio, de sistemas deposicionais eólicos. Nas áreas com aporte bioclástico, como Piauí e parte de Ceará e Rio Grande do Norte, na porção continental da costa, e o Arquipélago de Fernando de Noronha, na porção insular, estes sistemas incluem eolianitos, os quais foram aqui caracterizados quanto a paleoventos, fácies deposicionais, granulometria, petrografia, MEV, teor de carbonato, minerais pesados e cronologia via 14C e LOE. Os eolianitos continentais associam-se à plataforma interna mista em rampa, de caimento suave (<1°), a qual se prolonga na área emersa, onde gera amplo espaço de acumulação eólica e favorece o desenvolvimento de planícies deflacionárias com quilômetros de extensão; os afloramentos resultam extensos, com poucos metros de espessura, dominados por fácies com estratificações cruzadas de ângulo baixo, atribuídas sobretudo a rastros lineares residuais. Os eolianitos insulares associam-se a plataforma carbonática isolada estreita (menos de 10 km), com bordas recifais e taludes acentuados; por se tratar de ilhas de rochas vulcânico-piroclásticas de idade quaternária, com relevo acidentado, a área de acumulação eólica é limitada, o que faz com que os afloramentos sejam menos extensos e de maior espessura, predominando fácies de cruzadas de ângulo alto, inclusive com preservação da crista da forma de leito. Eolianitos continentais e insulares têm em comum a presença de algas vermelhas como tipo de grão intraclástico dominante e de cimento calcítico precoce, formado em condições meteóricas vadosas, nos depósitos holocenos, e vadosas a freáticas, nos pleistocenos. Principalmente nos eolianitos pleistocenos, inversões de idades 14C entre bioclasto e cimento, associadas à presença de pseudomorfos de bioclastos formados por preenchimento móldico, indicam que a história diagenética teve pelo menos três fases: cimentação micrítica interpartícula precoce, sob condições de relativa aridez; dissolução móldica em fase de aumento e/ou de auge de umidade; e preenchimento dos poros por espato ou microespato no início do novo ciclo de queda de umidade. Dentre os eolianitos continentais, as idades variam entre 7,0 ka e 14 anos, nos afloramentos menos consolidados, com forma preservada de cordão; e entre 86,2 a 40,7 ka, compatíveis com os MIS 5 e 3, nos fortemente consolidados, que ocorrem em falésias costeiras. Já nos eolianitos insulares, duas modas de idades 14C (entre 46,1 e 21,7 ka cal AP e de 18,7 a 5,3 ka cal AP) foram encontradas, a primeira delas inclusive em bioclastos sem inversão de idade com o cimento, o que permite sugerir deposição no evento MIS 3.