O imaginário coletivo de mulheres de meia-idade com câncer de mama em tratamento quimioterápico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Rodrigues, Elaine Campos Guijarro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-16062021-152438/
Resumo: O imaginário coletivo como conduta humana consiste num complexo ideo-afetivo constituído a partir da intersubjetividade e tem por fundamentos afetivos os campos de sentido afetivoemocional. A meia-idade feminina é um momento do desenvolvimento com acentuadas alterações corporais e reestruturações psíquicas o que, diante do câncer de mama, pode ser ainda mais desafiador. Este estudo teve por objetivo conhecer o imaginário coletivo de mulheres de meia-idade com câncer de mama ao longo do tratamento quimioterápico. É uma pesquisa qualitativa, primária, empírica, longitudinal, de abordagem psicanalítica winnicottiana e sob a perspectiva da mulher acometida. Ao rever a literatura, foi realizada uma metassíntese que apontou a experiência de incompletude feminina decorrente dos vários tratamentos. Inexistiam estudos do imaginário coletivo de mulheres de meia-idade acometidas pelo câncer de mama numa perspectiva longitudinal. Participaram cinco mulheres com câncer de mama primário entre 48 e 60 anos que estavam prestes a iniciar o tratamento quimioterápico vinculado à rede pública de saúde, selecionadas numa instituição hospitalar especializada no cuidado oncológico, localizada no interior do estado de São Paulo. Foram realizados três encontros individuais e presenciais com cada participante, distribuídos ao longo do tratamento quimioterápico: antes do início, aproximadamente à metade dos ciclos e ao final do tratamento. Nesses momentos do tratamento foram utilizadas as técnicas da entrevista aberta com questão disparadora e do Procedimento do Desenho-Estória com Tema como mediador dialógico. Foram realizadas anotações em diário de campo após cada encontro e um formulário para caracterização sociodemográfica foi preenchido uma única vez. Protocolos éticos exigidos pela legislação vigente foram observados, o responsável pela instituição firmou um Termo de Aceitação da pesquisa e as participantes firmaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os encontros foram audiogravados e transcritos literalmente e na íntegra. Todo o conjunto do material, incluindo pistas não-verbais, foi analisado segundo o método interpretativo psicanalítico, que consistiu em três etapas: tomar contato esboçando sentidos preliminares; captar temas dominantes e nomear os campos de sentido afetivo-emocional. A análise resultou em cinco campos: Há risco/arrisco: desejando diariamente a vida; Se eu morrer, ela vai sofrer; Quero ser avó; (Re)conhecendo o corpo que Eu habito; Alguém e só. Os campos contemplaram as bases afetivas e emocionais: medo da iminência da morte, sentimentos de tristeza e de abandono diante da ausência de um ambiente acolhedor, o desejo de viver, de conhecer e permanecer em contato com netos, sentimento de culpa por causar sofrimento aos filhos e a reelaboração da experiência corporal. Emergiram imaginários sobre: o câncer, a quimioterapia, o corpo e a família, todos vinculados às experiências de sofrimento e também formados defensivamente. As novas situações afetivas de aceitação e de acolhimento no curso do tratamento auxiliaram as participantes a transitarem por imaginários menos defendidos e com vislumbre de reelaborações e de assimilação do câncer à existência. Espera-se que este conhecimento possa gerar reflexão sobre as bases afetivas desafiadoras, sobre os imaginários habitados e, principalmente, sobre a dinamicidade experimentada ao longo do tratamento, tanto imaginários de sofrimento, quanto imaginários sobre a continuidade do seu existir.