Efeitos da leguminosa invasora Leucaena leucocephala sobre plantas nativas: uma abordagem metaanalítica e experimental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Pini, Marianela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-15082024-160312/
Resumo: Plantas exóticas invasoras (PEI) podem ocasionar efeitos negativos sobre outras plantas por meio da competição por exploração de recursos ou por interferência, quando, por exemplo, existe liberação de substâncias alelopáticas. As PEI podem também provocar efeitos positivos por meio da disponibilidade de nutrientes ou sombra. A espécie Leucaena leucocephala (leucena) é nativa do México, mas considerada uma importante planta exótica invasora em diversos locais do mundo. No entanto, na área de agro-silvicultura recomendam o uso da espécie em agroecossistemas ou na restauração de ambientes degradados, por ser uma espécie pioneira e fixadora de nitrogênio, e apresentar efeitos positivos sobre outras plantas ao aumentar nutrientes ou fornecer sombra. Dessa forma, parece existir um conflito no uso de leucena, dado, por um lado, suas características potencialmente benéficas, mas por outro lado seu potencial de invasão e potenciais impactos negativos às espécies que ocorrem nos ambientes em que ela invade. Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho é investigar o efeito de Leucaena leucocephala em outras plantas, considerando o saldo entre efeitos positivos e negativos. No primeiro capítulo, utilizamos uma abordagem meta-analítica para determinar o efeito de leucena em outras plantas. Adicionalmente, analisamos se os efeitos dependem das condições ambientais. Dentre 3524 artigos encontrados, apenas 5 atenderam todos os critérios de inclusão. Portanto, pouquíssimos estudos avaliaram de forma adequada os efeitos de leucena sobre outras plantas, com controle e número apropriado de réplicas. O efeito geral de leucena foi, em média, neutro, mas com muita variabilidade. O nível de degradação do ambiente influenciou o efeito da leucena. Em ambientes degradados, a presença de leucena teve efeitos positivos sobre outras plantas quando comparado à ausência de outras árvores. Porém, comparado ao efeito de uma outra árvore, leucena teve efeito equivalente. Portanto, podemos considerar outras espécies nativas com características similares às de leucena, mas que não tenham potencial de invasão, para restaurar ambientes degradados. No segundo capítulo, realizamos experimentos com três espécies nativas de Mata Ciliar do Brasil, Schinus terebinthifolia, Lithraea molleoides e Citharexyllum myrianthum, para investigar se extratos de folhas de leucena têm efeitos alelopáticos sobre a germinação em espécies que co-ocorrem com ela em áreas invadidas. Os tratamentos foram soluções de extratos de folhas de leucena de 5% p/v e 2,5% p/v, e os controles com solução de água e de PEG 6000. As três espécies nativas avaliadas (Schinus terebinthifolia, Lithraea molleoides e Citharexylum myrianthum), apresentaram uma taxa de germinação de sementes semelhante nos tratamentos dos extratos de leucena (2,5% e 5%) e no controle com água. No caso de Schinus terebinthifolia, o controle com PEG apresentou menor porcentagem de germinação do que o controle com água, sendo um resultado não esperado. Podemos indicar uma provável ausência de efeito alelopático de leucena somente sobre a espécie Schinus terebinthifolia. Para as outras duas espécies (Lithraea molleoides e Citharexylum myrianthum), considerando as baixas porcentagens de germinação em todos os tratamentos, os resultados foram inconclusivos. O equilíbrio do efeito de leucena pode ser contexto dependente e pode variar ao longo do tempo. Portanto, é essencial considerar características ambientais para determinar quais condições modulam o efeito da leucena sobre outras plantas, assim como considerar a variável de tempo do estabelecimento. Explorar melhor características da planta exótica invasora como alelopatia em condições mais realistas, assim como controle do desenho experimental para separar se o efeito é causado pela leucena ou pelo ambiente, ajudarão a entender melhor o processo de invasão de uma espécie considerada como importante invasora e de interesse econômico, mas cujos efeitos diretos sobre outras plantas ainda foram pouco quantificados. Assim, será possível planejar ações de manejo e controle da espécie que sejam mais efetivas e adequadas para diferentes situações.