Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Cavalcante, Ana Maria |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-17072018-110615/
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Resumo: |
Memorial do convento (1982), História do cerco de Lisboa (1989) e O homem duplicado (2002) são as obras de José Saramago (1922 - 2010) sobre as quais se debruça esta tese. Os romances pertencem a dois diferentes momentos da produção literária do autor, e a eleição deles se justifica pela tentativa, empreendida por este estudo, de estabelecer um panorama comparativo que permita analisar as diferenças e as semelhanças de recursos que compõem a retórica narrativa empregada por Saramago. A metanarratividade e as inserções dramáticas, exercitadas por um narrador todo poderoso e pluralizado, são observadas e analisadas, durante o desenvolvimento desta pesquisa, como dois dos principais estratagemas que são comuns aos romances de Saramago e que contribuem para o estabelecimento temático-estrutural de um conflito constantemente explorado nos romances do autor: aquele entre Eu/Outro/Mesmo. Utilizando-se da metanarratividade, o narrador de Saramago se insere e se posiciona criticamente em uma tradição narrativa frequentemente evocada e deteriorada. Os romances do escritor português não se constituem senão em um diálogo crítico contínuo com as narrativas que os precederam, sejam elas historiográficas ou ficcionais. Ao mesmo tempo em que onisciente, uma vez que passeia pela cabeça das personagens e pelo passado/presente/futuro narrativos, o narrador saramaguiano se corporifica dentro do universo ficcional, simulando, já que cerceado pelo sensível, a sua própria limitação diante de um encadeamento de acontecimentos mais largos do que aqueles que o narrador é capaz de acompanhar por meio da visão/audição. A observação e a analise das manifestações metanarrativas e das inserções dramáticas são demonstradas, durante o desenvolvimento deste estudo, como os estratagemas pelos quais se confrontam: Vida e Narrativa, História e Ficção, Passado e Presente. As fricções entre essas categorias e a identificação crítica de suas semelhanças revelam a sombra do Mesmo, da impossibilidade de serem singulares e, por esse motivo, principalmente no que diz respeito à História, da impossibilidade de serem apreendidas como veiculadoras de verdade única e incontestável. A retórica de persuasão impressa nos romances de José Saramago, fundada em um narrador consciente do papel de sua narrativa e paradoxalmente onisciente e limitado, fabrica e sugere a sua própria retórica de leitura, em que se absorve para o universo crítico-ficcional o seu Outro: o leitor. |