Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Miranda, Sirlene Lopes de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-25022019-105153/
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Resumo: |
Esta pesquisa objetiva descrever as implicações da vivência institucionalizada na construção cultural do Self em um sistema prisional no qual a pessoa assume uma dupla posição: cumpre sua pena, mas também participa da administração da instituição penal, como responsável pela segurança. A pesquisa foi realizada em duas fases: 1) uma discussão teórico-metodológica a partir da noção de multiplicação dialógica (Guimarães, 2013); e 2) um estudo de caso na Associação de Proteção e Assistência os Condenados - APAC, método alternativo de cumprimento de pena privativa de liberdade que prescinde de presença policial e compartilha a administração com a comunidade local. A participação observante (Bastien, 2007; Malfitano & Marques, 2011), enquanto recurso metodológico para o estudo de caso foi utilizada para descrever e analisar as relações concretas no âmbito da Instituição penal APAC. Realizei 12 visitas à Instituição para observar como se davam as relações interpessoais, bem como uma visita a duas unidades de referência do método APAC e à Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados, órgão fiscalizador das APAC´s. Efetuei o registro das informações em um diário de campo. Dezoito pessoas participaram da pesquisa, perante consentimento prévio. As entrevistas semiestruturadas foram gravadas em áudio e transcritas em sua íntegra para o posterior processo de análise dialógica interpretativa dos enunciados. A partir das informações levantadas na pesquisa, elaborei um protocolo de análise pelo qual identifiquei antinomias e aspectos expressivos (Wertsch, 1993) que emergiram das experiências vividas com os participantes em três campos-tema (cf. Spink, 2003) selecionados para análise, relações interpessoais, relações intrapessoais, e relação APAC-sistema prisional convencional. Cada contexto de convívio interpessoal apresenta um sistema de valores distinto que baliza múltiplas trajetórias de ação (cf. Boesch, 1991) para a pessoa. Então, qual o papel que a Instituição APAC ocupa na construção cultural do Self da pessoa que cumpre pena privativa de liberdade? Observamos a construção de sistemas de valores, que passam a orientar as ações no presente e em relação ao futuro iminente, que canalizam a construção pelo Self de posicionamentos e reposicionamentos enquanto tentativas de elaborar tensões dialógicas experimentadas pelos participantes. E o Self se desenvolve como uma possibilidade de organização das múltiplas trajetórias de ação disponíveis por meio das ações simbólicas. A análise dialógica dos dados aqui proposta nos guia para uma compreensão que a pessoa que cumpre pena no método APAC reconstrói suas vivências na sociedade e no presídio em memórias transformadas, em uma síntese criativa das antinomias emergentes da experiência e em uma hierarquia de sentidos afetivo-cognitivamente organizados. Como desdobramento da pesquisa, proponho um constructo teórico próprio na dinâmica de compreensão do Self que contemple as dimensões institucionais, uma noção preliminar, a ser aprofundada em estudos posteriores- o Self Institucional, enquanto um modo de subjetivação e de estabelecimento de relações intra e interpessoais que se guia por uma articulação entre aspectos históricos, culturais e afetivo-relacionais no contexto institucional |