A atenção ao usuário de drogas na atenção básica: elementos do processo de trabalho em unidade básica de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Coelho, Heloisa da Veiga
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-20022013-153000/
Resumo: O objeto deste estudo são as práticas de Atenção Básica (AB) desenvolvidas nos serviços de saúde voltadas para pessoas e grupos sociais que consomem drogas de forma prejudicial. Este objeto foi recortado a partir do referencial teórico da Saúde Coletiva e se conforma na interface entre as políticas públicas voltadas para a população que faz uso prejudicial de drogas e a realidade concreta dos serviços de saúde. O estudo tem por objetivo geral analisar as práticas voltadas para consumidores problemáticos de drogas na AB, a partir do levantamento dessas práticas junto a trabalhadores de uma UBS da região periférica do município de São Paulo. Trata-se de estudo qualitativo, de natureza descritiva e analítica, que se desenvolveu na perspectiva dialético-crítica. A coleta de dados foi realizada a partir de entrevistas semiestruturadas e individuais com 10 trabalhadores de uma UBS mista, ou seja, que atua com a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e com o modelo tradicional de produção dos serviços de saúde. As práticas desenvolvidas pelos trabalhadores e direcionadas aos usuários de drogas são analisadas a partir da categoria analítica processo de trabalho, que permite analisar os modos e as dificuldades de operacionalização das políticas públicas nos espaços concretos de produção dos serviços de saúde. Os resultados mostram que: 1) os trabalhadores desenvolvem o processo de trabalho, na perspectiva funcionalista da moderna saúde pública, que compreende o consumo de drogas como doença e considera usuários de drogas como desviantes; 2) as práticas existentes são consideradas frágeis e os trabalhadores valorizam muito a formação técnico-clínica, que em suas opiniões proporcionaria melhores respostas para as demandas relacionadas ao uso de drogas; 3) reproduz-se um ciclo infértil de explicação sobre a incapacidade e as sensações de fracasso que tomam conta do discurso de muitos trabalhadores que lidam com demandas relacionadas ao consumo prejudicial de drogas; 4) todo o processo de trabalho parece ficar centrado num único elemento, o trabalhador em si, já que os demais elementos não se encontram estruturados para atender a demanda. Pode-se concluir que as formas como se organizam os processos de trabalho na AB e como se estrutura o processo de produção dos serviços de saúde brasileiro dificulta e/ou impede o acesso da população usuária de drogas à rede de atenção à saúde. A AB carece de elementos estruturais inerentes ao processo de produção em saúde, e da dinamicidade interna aos processos de trabalho, que favoreçam a implementação de práticas voltadas aos indivíduos e grupos sociais que usam drogas de forma prejudicial. Este trabalho contribui com a finalidade do estudo de promover denúncia em relação à fragilidade das práticas desenvolvidas na AB frente às desafiadoras e crescentes demandas relacionadas ao consumo de drogas pela população.