Dieta e seleção de coleópteros copro-necrófagos (Scarabaeidae: Scarabaeinae) pela coruja-buraqueira (Athene cunicularia, Strigiformes: Strigidae) em campos da Estação Ecológica de Itirapina, Estado de São Paulo, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Siervi, Thioni Carretti di
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-30092015-152227/
Resumo: As escolhas de um predador podem variar de acordo com a abundância da presa no ambiente, atributos físicos e comportamentais da presa e do predador, além do custo energético, resultando na seleção de determinadas presas em detrimento de outras. Os raros estudos de seletividade na dieta da coruja-buraqueira (Athene cunicularia) realizados no Brasil tiveram como foco a seleção de roedores. Por este motivo o presente estudo tem como objetivos, além do estudo quantitativo da dieta, verificar se ocorre seletividade de coleópteros copro-necrófagos por A. cunicularia e se atributos da presa e/ou do predador, além de parâmetros climáticos, podem influenciar na predação e seletividade. Foram utilizados restos de presas (ossos, mandíbulas, cinturas pélvicas, élitros, pronotos e cabeças) encontrados nas pelotas e ao redor dos ninhos nos campos do Cerrado da Estação Ecológica de Itirapina (São Paulo) para identificação das espécies, quantificação do número de indivíduos consumidos e biomassa bruta ingerida. A sazonalidade na dieta foi testada por meio do teste-G de independência (tabela de contingência). Foram calculados os índices de amplitude de nicho trófico de Levins (Bst) para cada coleta, e efetuado o teste de Mann-Whitney para avaliar sazonalidade na amplitude da dieta entre a estação chuvosa e seca. Dados climáticos como temperatura máxima e média, umidade e pluviosidade médias foram relacionados com os números de indivíduos dos grupos predominantes na dieta e no campo por meio da correlação de Pearson. A análise da seleção de besouros escarabeíneos (copro-necrófagos) foi realizada por meio do intervalo de confiança de Bailey. Foram coletadas 421 pelotas e 183 debris que resultaram em 4341 presas individuais e uma biomassa total de 6.184,75 g. A dieta da A. cunicularia numericamente é predominantemente composta por insetos (92,88%), principalmente Coleoptera (48,4%), Orthoptera (10,1%) e Blattaria (16,7%). As famílias mais frequentes de coleópteros foram Scarabaeidae (26,2%) e Carabidae (8,7%). Por outro lado, em termos de biomassa bruta ingerida, os vertebrados foram importantes com 40,20%. Não houve diferenças sazonais na amplitude de nicho trófico (U = 11; p = 0,153), porém ao se considerar as frequências absolutas (número de indivíduos) houve significantemente, maior consumo de insetos (principalmente besouros escarabeídeos) e anuros na estação chuvosa e de roedores na estação seca (G independência = 644,9; g.l. = 11; p < 0,0001). Em alguns casos, a predação e a abundância das presas foram positivas e diretamente relacionadas com a temperatura, umidade e precipitação. Os escarabeíneos foram mais coletados e consumidos com o aumento da temperatura, umidade e pluviosidade médias. A amplitude da dieta para A. cunicularia na EEI foi considerada ampla, apesar dos valores de Bst próximos à zero. As corujas estudadas selecionaram alguns coleópteros copro-necrófagos (Scarabaeidae: Scarabaeinae) encontrados na EEI, selecionando três espécies do gênero Dichotomius (sp. 1, sp. 2 e sp. 3) na estação chuvosa e Dichotomius glaucus, (sp. 1 e sp. 3) e Coprophanaeus ensifer na seca. Estes escarabeídeos podem ser vulneráveis a predação por causa de aspectos de sua biologia, como hábito terrícola, atividade nas horas crepusculares-noturnas, movimento lento, falta de defesa ativa, e tamanho adequado (15-25 mm; 0.8-2.0 g) ao consumo para o porte da coruja-buraqueira.