Associação entre o uso de ventilação não-invasiva comparada à ventilação mecânica invasiva com a mortalidade hospitalar de pacientes muito idosos admitidos por pneumonia em unidades de terapia intensiva: estudo de coorte retrospectiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Besen, Bruno Adler Maccagnan Pinheiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-09112021-095718/
Resumo: Pacientes muito idosos, definidos por terem 80 anos ou mais de idade, tem sido admitidos com frequência cada vez maior em unidades de terapia intensiva (UTI). Uma das causas mais comuns de admissão é a pneumonia adquirida na comunidade (PAC), para qual a estratégia de ventilação a ser utilizada em pacientes que evoluem com insuficiência respiratória não é completamente definida. Nesta tese, avaliamos, nessa população, se a ventilação não-invasiva (VNI) como estratégia inicial de tratamento seria benéfica quanto à mortalidade hospitalar se comparada a uma estratégia inicial de ventilação mecânica invasiva (VMI). Foi feita análise secundária de uma coorte prospectiva de um banco de dados administrativo de 11 UTIs de uma rede privada de serviços de saúde (2009 a 2012). Extraímos para análise os pacientes muito idosos e identificamos aqueles que foram admitidos por PAC. Para análise estatística, utilizamos modelos de regressão logística para avaliar a associação entre a estratégia inicial de ventilação mecânica (VNI vs. VMI) e mortalidade hospitalar, ajustando para variáveis de confusão. Também avaliamos modificação de efeito com termos de interação em subgrupos pré-especificados de interesse clínico. De 678 pacientes muito idosos admitidos com PAC, 369 necessitaram de VNI ou VMI: 232 (63%) receberam inicialmente VNI e 137 (37%) foram submetidos à VMI como estratégia ventilatória inicial. Os pacientes submetidos à VMI eram mais graves à admissão (SOFA mediano 8 vs. 4). A mortalidade hospitalar foi de 49% (114) para o grupo VNI e de 66% (90) para o grupo VMI. Na comparação VNI vs. VMI (referência), a razão das chances (RC) não ajustada foi de 0,50 (IC 95%: 0,330,78; p=0,002). Esta associação foi sujeita a viés de confusão por características antecedentes e pelo SOFA não-respiratório (RCaj = 0,70; IC 95% = 0,411,20; p=0,196). O modelo completamente ajustado, incluindo adicionalmente relação Pao2/Fio2, pH and Paco2, resultou em uma RCaj de 0,81 (IC 95% = 0,461,41; p=0,45). Não houve evidência de modificação de efeito entre subgrupos de interesse clínico, como relação Pao2/Fio2 <= 150 (pint = 0,30), acidose respiratória aguda (pint = 0,42) e SOFA não-respiratório >= 4 (pint = 0,53). Com base nesses resultados, conclui-se que, em uma população brasileira, o uso da VNI não foi associado a uma menor mortalidade hospitalar quando comparada à VMI como estratégia inicial de ventilação mecânica em pacientes muito idosos, críticos, admitidos por pneumonia em insuficiência respiratória, porém o estudo também não demonstrou maior risco de morte com o uso da VNI. Por fim, os principais fatores de confusão nessa associação foram a gravidade da disfunção respiratória e das disfunções orgânicas extrapulmonares