Carnifágia malvarosa: as violações na Suma Poética de Jorge de Lima

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Ribeiro, Daniel Glaydson
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-11082016-151600/
Resumo: Os signos do paradoxo e da contradicção são intrínsecos ao poema Invenção de Orfeu (1952) de Jorge de Lima (1893-1953), desde sua intermitente teorização sobre o ato criativo, situado entre o engenhoso e o místico, entre o órfico e o sirênico, entre natura naturata e natura naturans, até a inconstante modulação dessa teoria pela crítica, que chega a convergir, não obstante as polêmicas, na consideração da obra como um difícil volume de altos e baixos, em sentido estritamente qualitativo. Esta tese intenta demonstrar como, em seu inteiro teor, a Invenção de Orfeu está calcada em uma manipulação soberana e mesmo tirana das formas, que redesenha a ars inveniendi barroca a fim de expor a errância e a violação que habitam o interior da Técnica. Dito no sentido teológico latente à Suma Poética limiana, ela demonstra como a essência corruptível que se atribui apenas à matéria, seja ela a linguagem, o sujeito ou a História, emana, desde o início, da própria Forma. Propõe-se aqui uma arqueologia dos três estratos de significado da Invenção de Orfeu, o metalinguístico, o autobiográfico e o histórico, assim como um modo de compreender a patente dialética entre o épico e o lírico através de sua síntese dramática, na trama das vozes actantes que configuram os subpoemas ou no drama sexual e antropofágico que se desenrola entre Musa, rapsodo e Guias (ou comparsas). Tem ainda importância central neste trabalho o conjunto epigráfico da Invenção, que funciona como um mapa estratégico-composicional, articulando em si o dilema da traição e da continuidade entre a literatura sagrada e a profana. O capítulo I coloca em pauta a obra marginal do autor e as epígrafes bíblicas; e analisa as intersecções entre camadas de significado, matrizes e gêneros. O capítulo II detém-se sobre a epígrafe de Guillaume Apollinaire e percorre as relações entre parábola e estranhamento, entre incesto e palimpsesto, desde Ancila Negra até o engenheiro noturno. E o capítulo III enfoca o conturbado trânsito da questão indígena na obra de Jorge de Lima, até sua inflexão final. Em Apêndice, organiza-se material de arquivo, sobretudo poemas segregados do compósito.