Cairu e a vertigem revolucionária: tempo, linguagem e epistemologia do conservadorismo (1772-1830)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Mohallem, Lucas da Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-26062024-173626/
Resumo: A presente dissertação tem por objeto a trajetória político-intelectual de José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu (1756-1835). Vilipendiado pelos mais radicais de seus contemporâneos como um homem servil e curvado ao poder, e evocado pela Direita dos nossos dias como um referencial de atuação política, Cairu é um personagem que tem sido consistentemente associado ao pensamento conservador. Sem dúvida, essas representações não são de todo indevidas. Sua atuação política à época do Primeiro Reinado, por exemplo, dispõe de características que a fazem merecedora da alcunha. Mas nem sempre foi assim. Quando apreciamos a evolução de seu discurso e prática política no curso do tempo constatamos que, embora o conservadorismo tenha sido, de fato, um de seus pontos de chegada, não foi seu ponto de partida. Egresso de uma Universidade de Coimbra transformada pela crítica reforma de 1772, Silva Lisboa foi formado aos moldes do iluminismo português. Em consonância com o cânone do Direito Natural – a base do pensamento reformista ilustrado –, seus primeiros escritos expressavam um perfil racionalista, um viés axiomático e um olhar prospectivo, dotado inclusive de um componente utópico. Todo este quadro mudaria por volta de 1808. A data, aqui, não é fortuita: o fenômeno da transposição da Corte para a América, tão dramático quanto inédito na História ocidental, concorreu para disseminar a consciência entre os súditos do Império português de que o processo revolucionário que convulsionava a Europa desde 1789 também lhes dizia respeito. Tomado por uma vertigem ante a marcha revolucionária, Silva Lisboa abandonaria a postura jusnaturalista que até então orientara seu pensamento e ação política, tomando um rumo conservador. Elegendo o tempo, a linguagem e a epistemologia subjacentes ao discurso de Silva Lisboa como seus eixos de análise, a presente dissertação acompanha a trajetória desse personagem à luz do contexto histórico da Era das Revoluções. Assim constituída, essa pesquisa avança considerações não só sobre o personagem que toma por objeto, mas também sobre a cultura política de Brasil e Portugal, e o conservadorismo de maneira mais ampla