Contaminação e toxicidade de microplásticos em uma área de proteção marinha costeira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Pablo Pena Gandara e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18139/tde-27092016-084059/
Resumo: Os plásticos têm trazido grandes benefícios aos humanos, sendo utilizados em diversas atividades como em aplicações médicas, entretenimento e na indústria de alimento. O uso crescente de plástico e seu descarte não adequado têm contribuído para o acúmulo deste detrito no meio ambiente, em especial nos oceanos onde tendem a acumular. Dentre os detritos de plástico de maior importância atualmente estão os microplásticos, que são partículas de plástico de tamanho entre 1 μm e 5 mm. Os principais riscos que os microplásticos oferecem são sua grande capacidade de persistência e dispersão no ambiente marinho, sua grande afinidade por poluentes persistentes orgânicos, sua a ingestão pela biota e a transferência para a teia trófica marinha. Dentre os ambientes marinhos mais impactados por microplásticos, estão as praias arenosas, onde estas partículas tendem a acumular após encalharem ao serem trazidas pelo mar. Este estudo teve como objetivo avaliar a contaminação por microplásticos em uma praia de uma área de proteção marinha costeira e avaliar a toxicidade de pellets virgens e coletados nesta praia no desenvolvimento embriolarval de mexilhão marrom Perna perna. Foram realizadas coletas de microplásticos entre o período de fevereiro de 2014 a fevereiro de 2015 na praia de Paranapuã em duas regiões do perfil da praia (linha de maré alta e supralitoral). As partículas foram analisadas individualmente em laboratório e quanto a composição de seu polímero por Espectrofotômetro de Infravermelho por Transformada de Fourier (FT-IR). Os resultados sugerem que a poluição por microplásticos na praia de Paranapuã ocorre ao longo do ano inteiro, porém variando em concentração ao longo do tempo e com um padrão de distribuição espacial irregular na praia. A concentração de microplásticos está aparentemente relacionada com a direção do vento, tendendo a ser maior quando a direção do vento é a favor da praia. A concentração de microplásticos na praia de Paranapuã (4,72 microplásticos/m²) é próxima àquela encontrada em outras praias no mundo e da região. Os experimentos de toxicidade demonstraram que tanto pellets de plástico virgens como aqueles coletados na praia inibem o desenvolvimento embriolarval de mexilhão marrom. Entretanto, os pellets coletados na praia mostraram uma alta toxicidade que resultou numa porcentagem de larvas anormais ou mortas de 100%, significativamente superior aos pellets virgens que foi de 23,5%. Acredita-se que a diferença de toxicidade entre os pellets virgens e coletados na praia pode ser causada por contaminantes adsorvidos na superfície dos pellets coletados no campo. Os resultados deste estudo sugerem que praias de áreas de proteção marinha costeira próximas a zonas urbanas e regiões portuárias apresentam risco de contaminação por plásticos. Apesar de terem acesso restrito a humanos, os microplásticos entram nestas praias através do ambiente marinho, podendo causar efeitos adversos na fauna destes ambientes. As informações deste trabalho contribuem para a melhor compreensão dos efeitos da contaminação de ambientes costeiros por microplásticos, fornecendo informações básicas para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para uma gestão deste tipo de poluição em áreas de proteção ambiental.