Relatos sobre a vila minerária de Serra do Navio: controle médico, vigilância social e controvérsias ambientais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Almeida, David Figueiredo de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-29092020-155427/
Resumo: No final dos anos 1950, a mineradora ICOMI (Indústria e Comércio de Minérios S. A.) construiu a Vila de Serra do Navio em uma clareira na Floresta Amazônica (Amapá), para abrigar funcionários e suas famílias. O propósito da mineradora era extrair e comercializar milhões de toneladas de manganês durante as próximas quatro décadas. Diante disso, a mineradora enfrentou vários problemas. O maior deles talvez tenha sido como manter milhares de trabalhadores e suas famílias habitando as proximidades das minas, em um local pouco conhecido da Floresta Amazônica?. No presente trabalho, interpretamos interações entre a mineradora e a população da Vila de Serra do Navio. Para tanto, entrevistamos ex-funcionários, descendentes de ex-funcionários e habitantes antigos da região. Também, realizamos observações diretas para registrar alguns acontecimentos. Os entrevistados relataram estratégias da mineradora que contribuíram para elevar o padrão de vida da população da Vila de Serra do Navio durante a extração do manganês, mas demonstraram descontentamento frente à situação de quase abandono da vila na atualidade. Tanto nas entrevistas como nas observações diretas, emergiram inúmeros atores heterogêneos, como médicos, vigilantes, acácias, eucaliptos, lagoas, insetos, caminhões, minérios, um parque nacional, outras mineradoras. Interpretamos as interações entre a ICOMI e a população sob a ótica do biopoder de Foucault. Leituras sobre a Teoria Ator-Rede de Bruno Latour ajudaram a reconhecer tanto as ações de seres humanos quanto de outros tipos de atores. A conclusão aponta a contextos mais abrangentes, dentre os quais a importância de investimentos que reduzam os riscos à vida das populações humanas da Amazônia e as implicações socioambientais da criação de cidades empresariais e de parques nacionais.