Geologia e gênese dos depósitos de Zn-Pb de Shalipayco e Florida Canyon, centro-norte do Peru

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: De Oliveira, Saulo Batista
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44137/tde-30052019-091343/
Resumo: As mineralizações Mississipi Valley-type (MVT) dos depósitos de Zn-Pb de Shalipayco no centro do Peru e de Florida Canyon no norte do Peru, separados por centenas de quilômetros e hospedados na mesma sequência de rochas carbonáticas e evaporíticas de mais de mil quilômetros de extensão motivaram diversos questionamentos que vieram a compor esta tese. As questões fundamentais em que se basearam esta pesquisa são quais as possíveis conexões genéticas entre esses depósitos e como elas se relacionam com a evolução da bacia de Pucará. Assim o estudo enfoca os processos pré-, pós- e formadores do minério ocorrentes em ambos os depósitos, a idade das mineralizações, os controles estruturais e litológicos destas mineralizações, e as implicações para descoberta de novos depósitos neste contexto geológico. Estudos petrográficos, paragenéticos e de caracterização mineralógica, apoiados por análises isotópicas de carbono, oxigênio e estrôncio nos carbonatos e de enxofre, rubídio-estrôncio e chumbo-chumbo nos sulfetos permitiram identificação de fontes do fluido, de enxofre e de metal para mineralizações, a caracterização dos processos de interação fluido?rocha, das condições físico-químicas e dos mecanismos de deposição dos minérios nos depósitos de Florida Canyon e Shalipayco. As mineralogias de minério compostas por esfalerita, galena e pirita são as mesmas nos dois depósitos ocorrendo hospedadas em rochas denominadas dolomito poroso ou brecha dolomítica evaporítica. Estas rochas formam estratos permeáveis e porosos bem definidos, interpretados como fácies de ambiente deposicional sabkha intercalados em calcários finos da sequência do Grupo Pucará de idade Triássico Inferior a Jurássico Superior. Estes estratos originalmente de evaporitos provavelmente se tornaram dolomitos de granulação grossa durante diagênese de soterramento. Estes processos modificaram drasticamente as rochas originais e geraram porosidade e permeabilidade que tornaram estas rochas excelentes hospedeiras de hidrocarbonetos e mineralizações sulfetadas de Zn e Pb. Poros preenchidos por betume foram posteriormente preenchidos por esfalerita e galena e finalmente selados por dolomita tardia. Isótopos de carbono, oxigênio e estrôncio e imagens de catodoluminescência suportam a distinção de carbonatos de diagênese precoce, de diagênese de soterramento e tardios associados aos sulfetos de Zn e Pb, tanto em Florida Canyon quanto em Shalipayco. Os isótopos de enxofre indicam mistura de fontes de enxofre reduzido (BSR, TSR e/ou degradação térmica de matéria orgânica) que teriam se acumulado nos estratos de dolomito poroso e de brecha evaporítica. A mineralização MVT é posterior à migração e acumulação de óleo, e ambas ocorrem nas mesmas rochas do Grupo Pucará. O reconhecimento de mesmas rochas hospedeiras, mesma mineralogia e em mesma paragênese, condicionada por mesmos controles estruturais nos depósitos de Shalipayco e Florida Canyon permitiu assumir mesmos processos atuantes na Bacia Pucará. Foi possível associar estes processos geradores de rocha, de estruturas, de fluidos mineralizantes e de migração destes fluidos aos principais eventos tectônicos descritos na literatura para evolução Andina peruana. A estrutura dômica de Florida Canyon provavelmente se formou por halocinese durante a orogênese Juruá (157-152 Ma); a migração de hidrocarbonetos deve ter ocorrido durante o evento Mochica (100-95 Ma); e as mineralizações MVT de Zn-Pb de Shalipayco e Florida Canyon provavelmente sincrônicas, devem ter ocorrido durante ou logo após a orogênese Peruvian (86-83 Ma). Em Florida Canyon a mineralização supergênica de Zn é dada por smithsonita, hemimorfita e goethita, tendo sido gerada predominantemente por substituição direta da mineralização hipogena. Por correlação com as mineralizações zincíferas supergênicas da Mina Grande e Cristal no mesmo distrito de Bongará, pode-se atribuir a idade do Mioceno superior à de Florida Canyon.